Família de jovem saudita que se trancou em hotel chega à Tailândia
Rahaf Mohammed al-Qunun se trancou em um hotel em Bangkok. Ela alega ter medo de ser morta pelo pai por abandonar o islã
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7, com Reuters
O pai e o irmão da jovem saudita Rahaf Mohammed al-Qunun — que fugiu de sua família e se trancou em um quarto de hotel de aeroporto na Tailândia para evitar ser deportada — chegaram a Bangkok nesta terça-feira (8), anunciou uma autoridade tailandesa para a imigração. As informações são da agência de notícias Reuters.
Os parentes estariam dispostos a se reunir com Rahaf, de 18 anos — que alega ter medo de ser morta pela família por ter abandonado o islã. Ela afirma ter sido vítima de abusos e cárcere privado.
A jovem está agora sob os cuidados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) — que, segundo o chefe de imigração da Tailândia, Surachet Hakpal, é quem pode viabilizar o encontro entre os parentes.
Leia também
À rede de TV americana CNN, o Acnur disse que não teve contato com as autoridades tailandesas em relação à chegada da família de Rahaf e aponta que qualquer reunião seria improvável — já que a jovem "declarou seu medo de ver os parentes".
Caroline Gluck, diretora regional de informação pública do Acnur em Bangkok, apontou ainda que a notícia [sobre a chegada do pai e do irmão] seria "muito preocupante" para Rahaf.
Entenda o caso
No fim de semana, Rahaf publicou no Twitter um vídeo em que aparecia bloqueando a porta de seu quarto de hotel em Bangkok com uma mesa e um colchão. Ela corria o risco de ser deportada pela Tailândia, depois de chegar à capital tailandesa fugindo de sua família durante férias no Kuwait.
O caso gerou comoção internacional. Na segunda-feira (7), a Tailândia suspendeu os planos que tinha de expulsar a jovem do país.
“Meus irmãos e minha família e a embaixada saudita estarão me esperando no Kuweit”, disse Rahaf por mensagens de texto e voz enviadas de seu hotel à agência Reuters ainda no domingo.
“Eles vão me matar”, disse. “Minha vida está em perigo. Minha família ameaça me matar pelas coisas mais triviais”.
A cultura saudita e a política de guarda exige que mulheres tenham a permissão de um parente homem para trabalhar, viajar, se casar e até ter acesso a alguns tratamentos médicos.