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Fattah-1: conheça o míssil hipersônico usado pelo Irã contra Israel

Arma de última geração dribla escudos antimísseis e acirra tensão militar no Oriente Médio

Internacional|Do R7

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Cerimônia de apresentação do míssil Fattah-1, em junho de 2023 Tasnim News Agency

No mais recente episódio de escalada militar entre Irã e Israel, um nome passou a figurar com destaque nos radares da comunidade internacional: Fattah-1. Trata-se do primeiro míssil hipersônico desenvolvido pelo Irã, utilizado em ataques que atingiram alvos em Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.

Nesta segunda-feira (16), uma ofensiva iraniana matou ao menos oito pessoas e destruiu instalações da rede elétrica de Israel. Segundo a imprensa iraniana, o Fattah-1 foi utilizado nesse ataque.


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Desenvolvido pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), o Fattah-1 representa um divisor de águas na capacidade bélica do Irã. Anunciado em 2023, o armamento combina velocidade extrema, manobrabilidade e precisão, com a capacidade de alcançar velocidades entre Mach 13 e Mach 15 — de 13 a 15 vezes a velocidade do som. Seu alcance é estimado em cerca de 1.400 km, suficiente para atingir qualquer ponto do território israelense a partir do solo iraniano.


Ao contrário dos mísseis balísticos tradicionais, que seguem uma trajetória previsível, o Fattah-1 é capaz de alterar seu curso durante o voo, inclusive fora da atmosfera terrestre. Isso torna extremamente difícil a sua interceptação por sistemas defensivos como o Domo de Ferro, utilizado por Israel. Segundo analistas militares, o míssil pode efetuar manobras tanto na reentrada quanto em pleno voo, burlando os algoritmos das defesas antimísseis convencionais.


Outro diferencial do Fattah-1 está no seu sistema de propulsão de combustível sólido com bocal móvel. Esse design permite aceleração rápida após o lançamento e impulsos adicionais em fases específicas do voo. Isso reduz o tempo de preparação e aumenta a mobilidade do míssil, tornando mais difícil localizá-lo antes do disparo. O uso de combustível sólido também simplifica a logística de lançamento em comparação com mísseis de combustível líquido.


Quanto à carga útil, o Irã não divulgou detalhes oficiais, mas estimativas apontam para ogivas com peso entre 350 e 450 kg. Especialistas ocidentais sugerem que o projeto poderia comportar até mesmo armamento nuclear, caso Teerã venha a desenvolver essa capacidade. Embora o Irã negue buscar armas nucleares, a combinação entre o Fattah-1 e um eventual artefato desse tipo é vista como um potencial fator de dissuasão regional.

A operação iraniana de junho de 2025, considerada a maior já realizada contra Israel, envolveu aproximadamente 180 mísseis balísticos, entre eles o Fattah-1. Apesar das camadas de defesa israelenses, parte significativa dos projéteis atingiu seus alvos, incluindo bases militares, usinas de energia e centros de comando. As Forças Armadas israelenses reconheceram a dificuldade em interceptar os mísseis hipersônicos e vêm estudando novos meios de detecção e resposta.

Relatórios de inteligência também apontam que a tecnologia do Fattah-1 pode ter sido desenvolvida com apoio russo, dada a proximidade crescente entre Moscou e Teerã no campo militar. A Rússia, detentora de um dos programas mais avançados de mísseis hipersônicos do mundo, já foi acusada de transferir sistemas e know-how para aliados estratégicos como o Irã e a Coreia do Norte.

O uso do Fattah-1 reacende preocupações globais sobre a proliferação de armamentos hipersônicos e a fragilidade de acordos internacionais de não proliferação. A sua existência altera o equilíbrio estratégico do Oriente Médio e impõe novos desafios às potências ocidentais. Especialistas alertam que, diferentemente das armas nucleares, cuja utilização desencadearia retaliações em larga escala, o uso de mísseis hipersônicos pode se inserir em conflitos convencionais, tornando-os mais letais e imprevisíveis.

Além do campo de batalha, o Fattah-1 tem servido como ferramenta de propaganda interna no Irã. Autoridades do regime, incluindo o líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei, exaltaram o míssil como símbolo de resistência e soberania. Em discurso recente, Khamenei prometeu “respostas devastadoras” a qualquer nova agressão, consolidando a imagem do Fattah-1 como instrumento de dissuasão ideológica.

Enquanto a comunidade internacional tenta conter a escalada, Israel já iniciou estudos sobre tecnologias alternativas para enfrentar ameaças hipersônicas, como armas de energia dirigida e interceptadores cinéticos de nova geração. Também cresce a cooperação com os Estados Unidos, que vêm investindo pesadamente em contramedidas específicas contra mísseis como o Fattah-1.

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