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Formas variadas de cães surgiram há 11 mil anos e desafiam teoria tradicional

Estudo utilizou varreduras 3D de mais de 600 crânios, permitindo comparar canídeos domésticos e selvagens com precisão inédita

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Estudo revela que a diversidade física dos cães se desenvolveu há 11 mil anos, antes das raças modernas.
  • Cientistas analisaram crânios de canídeos antigos para entender variações morfológicas ao longo da história.
  • A seleção humana e mudanças ambientais influenciaram a diversidade canina antes das práticas de criação contemporâneas.
  • Os resultados destacam a necessidade de investigações em larga escala sobre a evolução de cães e seus ancestrais selvagens.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Pesquisa mostra que a diversidade física dos cães começou a se desenvolver milhares de anos atrás Dorota Kudyba/Pixabay

Uma nova pesquisa conduzida por cientistas das universidades de Montpellier, na França, e de Exeter, na Inglaterra, está colocando em xeque a compreensão tradicional sobre a evolução dos cães domésticos.

Segundo o estudo, a diversidade física dos cães começou a se desenvolver milhares de anos antes dos programas de criação intensiva que, no século 19, originaram as raças modernas reconhecidas hoje.


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A classificação de cães baseada em características físicas ou comportamentais ganhou força apenas no século 19, período em que surgiram os padrões que moldaram a multiplicidade de raças atuais. Entretanto, o estudo publicado na Science afirma que a morfologia canina, incluindo porte, formato do crânio, tipo de cauda e características da pelagem, já apresentava variações marcantes há cerca de 11 mil anos.


Para chegar à conclusão, os cientistas analisaram o tamanho e o formato de centenas de crânios de canídeos datados dos últimos 50 mil anos. O trabalho utilizou varreduras 3D de mais de 600 crânios antigos e modernos, permitindo identificar diferenças sutis e comparar canídeos domésticos e selvagens com precisão inédita. “Mostramos que cães do início do Holoceno exibiam uma variedade de formas comparável à que vemos hoje”, afirmou Carly Ameen, bioarqueóloga de Exeter e coautora do estudo, em entrevista à Newsweek.


Os resultados apontam que grande parte da diversidade física associada às raças atuais tem raízes profundas, emergindo logo após a domesticação. Embora os programas vitorianos sejam responsáveis por algumas das morfologias mais extremas, os cães pré-históricos já apresentavam amplo espectro de formatos cranianos, reforçando achados de análises anteriores de mandíbulas.


O estudo também sugere que pressões ambientais e mudanças nos recursos alimentares, aliadas à seleção humana inicial, contribuíram de maneira decisiva para essa diversidade muito antes do surgimento das práticas modernas de criação. A presença de características semelhantes às de lobos em raças atuais reforça ainda a ligação evolutiva entre cães e seus ancestrais selvagens.

A falta de fósseis do Pleistoceno e a dificuldade em diferenciar cães primitivos de lobos apenas pelos crânios têm limitado o avanço das pesquisas. A tecnologia de escaneamento, porém, possibilitou superar parte desse obstáculo, revelando que traços distintamente caninos surgiram no início do Holoceno, como demonstram restos com cerca de 10.800 anos encontrados na Rússia.

Entre as raças modernas analisadas, exemplares de Malakli, pastor-alemão, são bernardo, mastim tibetano e alguns cães de caça exibiram crânios de aparência “lupina”. Outros cães das mesmas raças, porém, foram classificados como “caninos” em vez de “loboides”, ilustrando a complexidade de identificar indivíduos domésticos no registro arqueológico.

Por fim, os autores destacam que suas descobertas reforçam a necessidade de uma investigação em larga escala abrangendo canídeos selvagens e domésticos desde o fim do Pleistoceno, sem restrições geográficas ou temporais e sem depender exclusivamente de comparações com raças modernas.

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