Navio encalhado no Canal de Suez causa prejuízo bilionário ao comércio mundial
Suez Canal Authority/Handout via REUTERS - 26.3.2021O forte vento não foi a principal causa do encalhe do porta-contêineres "Ever Given" no Canal de Suez, afirmou o presidente da Autoridade do Canal de Suez (SCA), via que liga o Mar Vermelho e o Mediterrâneo. "As fortes rajadas de vento e os fatores meteorológicos não são as razões principais para o encalhe do navio, podem ter acontecido erros técnicos ou humanos", disse Osama Rabie em uma entrevista coletiva em Suez, segundo a AFP.
O porta-contêineres que bloqueia o Canal de Suez e está causando prejuízo bilionário ao comércio mundial pode ser retirado no início da próxima semana, afirmou a empresa envolvida na missão para liberar a via estratégica. Segundo Osama Rabie afirmou neste sábado, 321 navios aguardam para fazer a travessia do canal.
Muito mais otimista, a empresa proprietária do cargueiro "Ever Given", anunciou que esperava a operação de desencalhe para este sábado (27) à noite, embora outras fontes tenham citado "dias ou semanas" para a retomada do tráfego no canal, por onde passa 10% do comércio marítimo internacional. "Estamos eliminando os sedimentos com ferramentas de dragagem adicionais", afirmou Yukito Higaki, presidente da empresa japonesa Shoei Kisen, proprietária do navio.
Desde quarta-feira, a SCA tenta liberar o navio de mais de 220.000 toneladas e tem um tamanho equivalente a quatro campos de futebol. O cargueiro está preso no sul do canal, a alguns quilômetros da cidade de Suez.
"Com os barcos que teremos no local, a terra que já conseguimos dragar e a maré alta, esperamos que seja suficiente para desencalhar o navio no início da próxima semana", afirmou Peter Berdowski, diretor executivo da Royal Boskalis, a matriz da Smit Salvage, empresa holandesa contratada para ajudar na operação.
Se isso não for suficiente, será necessário retirar os contêineres para reduzir o peso do cargueiro, conforme advertiu Peter Berdowski, numa solução que levaria muito mais tempo.
Uma operação da SCA na sexta-feira (26), com a ajuda rebocadores, "não teve sucesso", informou a Bernhard Schulte Shipmanagement (BSM), empresa com sede em Singapura e responsável pela gestão técnica do navio.
Segundo a revista especializada Lloyd's List, as centenas de navios encalhados na sexta-feira nos dois extremos e na zona de espera, localizado no centro do canal, está gerando importantes atrasos na entrega de petróleo e outros produtos. A publicação calcula que o porta-contêineres está bloqueando o equivalente a 9,6 bilhões de dólares de carga por dia.
A gigante do transporte marítimo Maersk e a alemã Hapag-Lloyd informaram na quinta-feira (25) que examinavam a possibilidade de desviar seus navios e passar pelo Cabo da Boa Esperança, um desvio de 9.000 quilômetros e pelo menos sete dias adicionais de viagem ao redor do continente africano.
Uma maré alta esperada para domingo à tarde pode "ser de grande ajuda" para as equipes técnicas que tentam liberar o navio, afirmou à AFP Plamen Natzkoff, especialista da VesselsValue. "Se não conseguirem liberar o navio, a próxima maré alta não acontecerá antes de 15 dias e isto pode ser problemático", completou.
"O 'Ever Given' não está apenas preso na areia da superfície, também está retido dentro da margem", disse Natzkoff. Quase 19.000 navios utilizaram o canal em 2020, segundo a SCA, o equivalente à média de 51,5 por dia.
Um relatório da Allianz Global Corporate & Specialty sobre segurança marítima aponta que o "Canal de Suez apresenta um excelente balanço de segurança em seu conjunto, e os incidentes de navegação são extremamente raros, com 75 incidentes na última década".