Rússia x Ucrânia

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Entre o medo e o isolamento, a vida das crianças na Ucrânia

Em meio ao caos da guerra com a Rússia, ucranianos passam a infância fugindo de bombardeios e escondidos em porões

Internacional|Do R7

27/12/2022 - 02h00 (Atualizado em 19/04/2024 - 07h21)

À beira da estrada e cercada por ruínas, Lisa Shtanko acompanha a passagem dos soldados ucranianos, que sempre têm um presente para as crianças que, como ela, vivem em meio ao caos da guerra. Vestida com um casaco rosa-neon, ela tem um tom de voz alegre, mas que não esconde o medo — À beira da estrada e cercada por ruínas, Lisa Shtanko acompanha a passagem dos soldados ucranianos, que sempre têm um presente para as crianças que, como ela, vivem em meio ao caos da guerra. Vestida com um casaco rosa-neon, ela tem um tom de voz alegr... À beira da estrada e cercada por ruínas, Lisa Shtanko acompanha a passagem dos soldados ucranianos, que sempre têm um presente para as crianças que, como ela, vivem em meio ao caos da guerra. Vestida com um casaco rosa-neon, ela tem um tom de voz alegre, mas que não esconde o medo Ionut Iordachescu/AFP - 23.12.2022

Lisa tem 8 anos e olhos azuis brilhantes. Mora com os pais em uma casa à beira da estrada na entrada de Lyman, cidade no leste da Ucrânia destruída e cercada por florestas que foram transformadas em campos minados — Lisa tem 8 anos e olhos azuis brilhantes. Mora com os pais em uma casa à beira da estrada na entrada de Lyman, cidade no leste da Ucrânia destruída e cercada por florestas que foram transformadas em campos minados Lisa tem 8 anos e olhos azuis brilhantes. Mora com os pais em uma casa à beira da estrada na entrada de Lyman, cidade no leste da Ucrânia destruída e cercada por florestas que foram transformadas em campos minados Sameer Al-Doumy/AFP - 23.12.2022

A área foi recuperada em outubro pelas forças ucranianas, após quatro meses de ocupação russa. Mas a guerra continua, como demonstra uma bomba que caiu perto da casa dela — A área foi recuperada em outubro pelas forças ucranianas, após quatro meses de ocupação russa. Mas a guerra continua, como demonstra uma bomba que caiu perto da casa dela A área foi recuperada em outubro pelas forças ucranianas, após quatro meses de ocupação russa. Mas a guerra continua, como demonstra uma bomba que caiu perto da casa dela Sameer Al-Doumy/AFP - 23.12.2022

Na conversa, Lisa alterna comentários sobre os presentes dos soldados, a explosão que a acordou, a comida da mãe e o estilhaço que perfurou a porta de casa. "Hoje não estou de bom humor por causa dos bombardeios", desculpa-se — Na conversa, Lisa alterna comentários sobre os presentes dos soldados, a explosão que a acordou, a comida da mãe e o estilhaço que perfurou a porta de casa. "Hoje não estou de bom humor por causa dos bombardeios", desculpa-se Na conversa, Lisa alterna comentários sobre os presentes dos soldados, a explosão que a acordou, a comida da mãe e o estilhaço que perfurou a porta de casa. "Hoje não estou de bom humor por causa dos bombardeios", desculpa-se Sameer Al-Doumy/AFP - 23.12.2022

Viktor, o pai de Lisa, a olha com ternura. "Claro que ela tem medo. Não há nada mais assustador do que a morte que espreita", diz o eletricista de 42 anos, que presenteou a filha com um brinquedo doado por uma associação humanitária no Natal — Viktor, o pai de Lisa, a olha com ternura. "Claro que ela tem medo. Não há nada mais assustador do que a morte que espreita", diz o eletricista de 42 anos, que presenteou a filha com um brinquedo doado por uma associação humanitária no Natal Viktor, o pai de Lisa, a olha com ternura. "Claro que ela tem medo. Não há nada mais assustador do que a morte que espreita", diz o eletricista de 42 anos, que presenteou a filha com um brinquedo doado por uma associação humanitária no Natal Sameer Al-Doumy/AFP - 22.12.2022

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Quase não há crianças em Lyman, e a maioria dos vizinhos restantes são idosos. Muitas famílias que fugiram "não têm motivos para voltar", afirma Kostia Korovkin, pai de uma menina de 6 anos, Nastia, escondida atrás dele. O homem diz que eles não têm para onde ir — Quase não há crianças em Lyman, e a maioria dos vizinhos restantes são idosos. Muitas famílias que fugiram "não têm motivos para voltar", afirma Kostia Korovkin, pai de uma menina de 6 anos, Nastia, escondida atrás dele. O homem diz que eles não têm pa... Quase não há crianças em Lyman, e a maioria dos vizinhos restantes são idosos. Muitas famílias que fugiram "não têm motivos para voltar", afirma Kostia Korovkin, pai de uma menina de 6 anos, Nastia, escondida atrás dele. O homem diz que eles não têm para onde ir Sameer Al-Doumy/AFP - 23.12.2022

Sem amigos para brincar, Nastia passa os dias entre o porão e a rua, onde às vezes sai com os cachorros da vizinhança. Também sobe de vez em quando até o 6º andar do prédio, o único ponto onde há internet disponível, para poder acompanhar uma aula — Sem amigos para brincar, Nastia passa os dias entre o porão e a rua, onde às vezes sai com os cachorros da vizinhança. Também sobe de vez em quando até o 6º andar do prédio, o único ponto onde há internet disponível, para poder acompanhar uma aula Sem amigos para brincar, Nastia passa os dias entre o porão e a rua, onde às vezes sai com os cachorros da vizinhança. Também sobe de vez em quando até o 6º andar do prédio, o único ponto onde há internet disponível, para poder acompanhar uma aula Sameer Al-Doumy/AFP - 23.12.2022

Porão em Bakhmut

Em Bakhmut, a guerra não dá trégua. A cidade é um dos pontos quentes da linha de frente no leste da Ucrânia. A artilharia russa a bombardeia constantemente, e os soldados ucranianos a descrevem como "um inferno na terra" — Porão em Bakhmut Em Bakhmut, a guerra não dá trégua. A cidade é um dos pontos quentes da linha de frente no leste da Ucrânia. A artilharia russa a bombardeia constantemente, e os soldados ucranianos a descrevem como "um inferno na terra" Porão em Bakhmut Em Bakhmut, a guerra não dá trégua. A cidade é um dos pontos quentes da linha de frente no leste da Ucrânia. A artilharia russa a bombardeia constantemente, e os soldados ucranianos a descrevem como "um inferno na terra" Sameer Al-Doumy/AFP - 22.12.2022

"Olá, eu sou Gleb." Em um porão onde moram quase 20 pessoas há oito meses, um adolescente de 14 anos, de rosto sério, cabelo raspado e brinco, aperta firme a mão dos visitantes. É o único menor de idade, pois todas as outras crianças foram embora — "Olá, eu sou Gleb." Em um porão onde moram quase 20 pessoas há oito meses, um adolescente de 14 anos, de rosto sério, cabelo raspado e brinco, aperta firme a mão dos visitantes. É o único menor de idade, pois todas as outras crianças foram embora "Olá, eu sou Gleb." Em um porão onde moram quase 20 pessoas há oito meses, um adolescente de 14 anos, de rosto sério, cabelo raspado e brinco, aperta firme a mão dos visitantes. É o único menor de idade, pois todas as outras crianças foram embora Sameer Al-Doumy/AFP - 21.12.2022

Os dias do menino transcorrem quase exclusivamente no porão. Deita-se tarde, ajuda os idosos e cuida do gato preto que também se refugiou no espaço, onde ressoa o barulho das explosões. "Aprendi a reconhecer os tiros que entram e os que saem", conta Gleb, cujo maior sonho é "sair para passear com um amigo" — Os dias do menino transcorrem quase exclusivamente no porão. Deita-se tarde, ajuda os idosos e cuida do gato preto que também se refugiou no espaço, onde ressoa o barulho das explosões. "Aprendi a reconhecer os tiros que entram e os que saem", conta Gl... Os dias do menino transcorrem quase exclusivamente no porão. Deita-se tarde, ajuda os idosos e cuida do gato preto que também se refugiou no espaço, onde ressoa o barulho das explosões. "Aprendi a reconhecer os tiros que entram e os que saem", conta Gleb, cujo maior sonho é "sair para passear com um amigo" Sameer Al-Doumy/AFP - 22.12.2022

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Para passar o tempo, ele desenha. Também lê ou joga no celular, quando há energia elétrica. "Não penso no futuro, porque não sei o que vai acontecer daqui a uma ou duas horas, ou amanhã", declara — Para passar o tempo, ele desenha. Também lê ou joga no celular, quando há energia elétrica. "Não penso no futuro, porque não sei o que vai acontecer daqui a uma ou duas horas, ou amanhã", declara Para passar o tempo, ele desenha. Também lê ou joga no celular, quando há energia elétrica. "Não penso no futuro, porque não sei o que vai acontecer daqui a uma ou duas horas, ou amanhã", declara Sameer Al-Doumy/AFP - 21.12.2022

Estresse crônico

Em Bakhmut, centenas de crianças estão presas, pois os pais delas não podem ou não querem ir embora da cidade. "Essas crianças já se tornaram adultas", diz Katherine Soldatova, voluntária de uma associação que montou um abrigo no porão de uma escola — Estresse crônico Em Bakhmut, centenas de crianças estão presas, pois os pais delas não podem ou não querem ir embora da cidade. "Essas crianças já se tornaram adultas", diz Katherine Soldatova, voluntária de uma associação que montou um abrigo no porã... Estresse crônico Em Bakhmut, centenas de crianças estão presas, pois os pais delas não podem ou não querem ir embora da cidade. "Essas crianças já se tornaram adultas", diz Katherine Soldatova, voluntária de uma associação que montou um abrigo no porão de uma escola Oleksandr Ratushniak/23.12.2022

"Estão em uma situação de insegurança permanente. O mundo pode traí-las a qualquer momento, tudo pode acabar destruído em um segundo", explica a psicóloga Alyona Lukianchuk, da organização ucraniana SOS Children's Village. "O difícil é que os pais também estão estressados e focados em sobreviver", acrescenta — "Estão em uma situação de insegurança permanente. O mundo pode traí-las a qualquer momento, tudo pode acabar destruído em um segundo", explica a psicóloga Alyona Lukianchuk, da organização ucraniana SOS Children's Village. "O difícil é que os pais tamb... "Estão em uma situação de insegurança permanente. O mundo pode traí-las a qualquer momento, tudo pode acabar destruído em um segundo", explica a psicóloga Alyona Lukianchuk, da organização ucraniana SOS Children's Village. "O difícil é que os pais também estão estressados e focados em sobreviver", acrescenta Sergei Supinsky/AFP - 23.12.2022

Este estresse crônico "afeta a capacidade de concentração e recursos cognitivos", o que pode provocar graves perturbações a médio e longo prazo, destaca a psicóloga, que apesar de tudo não quer falar de uma geração perdida — Este estresse crônico "afeta a capacidade de concentração e recursos cognitivos", o que pode provocar graves perturbações a médio e longo prazo, destaca a psicóloga, que apesar de tudo não quer falar de uma geração perdida Este estresse crônico "afeta a capacidade de concentração e recursos cognitivos", o que pode provocar graves perturbações a médio e longo prazo, destaca a psicóloga, que apesar de tudo não quer falar de uma geração perdida Sameer Al-Doumy/AFP - 22.12.2022

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