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Um depoimento da ex-garota de programa Patrizia D'Addario (foto) no Tribunal de Bari revelou novos detalhes sobre as noitadas realizadas entre 2008 e 2009 na mansão romana do então primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi.
A mulher de 47 anos é uma das testemunhas do processo contra sete pessoas, entre elas os irmãos empresários Gianpaolo e Claudio Tarantini e a atriz alemã Sabina Beganovic, acusados de formação de quadrilha e exploração, indução e favorecimento à prostituição de 26 garotas levadas por eles à casa de Berlusconi na capital italianaAP Photo/Thibault Camus
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"A mesa da sala de jantar do Palácio Grazioli [nome da residência do político em Roma] era cheia de borboletas: nas garrafas, nas luminárias. Eu não entendia, mas depois me explicaram. Aquelas borboletas representavam a parte íntima das mulheres. Resumindo, era um jantar cheio de borboletas, em todos os sentidos", contou Patrizia
GIUSEPPE CACACE / AFP
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Ela também revelou que no encontro, ocorrido em 26 de outubro de 2008, estavam presentes entre 20 e 25 mulheres. Os únicos homens eram Gianpaolo Tarantini e o próprio Berlusconi. Após a refeição, de acordo com a testemunha, quatro das "acompanhantes" foram para o quarto do ex-primeiro-ministro, onde ficaram conversando na cama.
— De repente, senti que me acariciavam em um lugar onde não deviam. Como eu nunca participei de orgia, corri para o banheiro porque queria ir embora do Palácio Grazioli. Berlusconi me alcançou e me acalmou porque tinha entendido. Depois de me tranquilizar, ele me levou para outro cômodo e mostrou as vilas que possuía no mundo. Logo depois, eu deixei a casa e voltei ao hotelAP Photo/Thibault Camus
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Durante seu depoimento, Patrizia disse ter sabido de Tarantini sobre supostas relações sexuais do ex-premier com garotas sem camisinha.
— No jantar havia muitas mulheres, algumas das quais não usavam calcinhasAFP
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Em outra ocasião, no dia 4 de novembro, a festa na residência romana de Berlusconi coincidiu com um convite da embaixada norte-americana na Itália para um jantar pela eleição de Barack Obama. No entanto, segundo a ex-garota de programa, o então primeiro-ministro recusou o evento diplomático porque queria estar com as acompanhantes.
"Naquela noite, Berlusconi me levou no seu quarto, onde ele explicou que a cama tinha sido um presente de Vladimir Putin [atual presidente da Rússia]. Tivemos relações, conversamos por bastante tempo e ele até me dedicou poesias", contou Patrizia, que também disse ter recebido conselhos sexuais do políticoAP Photo/Pier Paolo Cito
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Segundo o Tribunal de Bari, Berlusconi dissimulava uma próspera atividade de exercício da prostituição com uma aparência formal de jantares elegantes.
"O material probatório, no seu conteúdo de obscenidade e baixeza, evidencia a situação de comercialização do corpo feminino e a consideração das mulheres como simples objetos suscetíveis ao comércio sexual", escreveu o juiz Ambrogio Marrone em uma das atas do processo. Contudo, o ex-premier, já condenado definitivamente por fraude fiscal, não está entre os acusados no casoREUTERS/Paolo Bona