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O segundo turno das eleições presidenciais da Turquia acontece no domingo (28). Além de decidir se Recep Tayyip Erdogan ou Kemal Kiliçdaroglu comandará o país, a guerra na Ucrânia, a Otan, a relação com o presidente russo Vladmir Putin são algumas das questões que estão jogo e que devem ser impactadas dependendo do resultado das urnas.
O atual mandatário do país está no poder há 20 anos e tentar mais cinco anos de mandato. O adversário tenta conquistar o votos dos mais jovens e das mulheres para tentar tirar a diferença do primeiro turno -
Atualmente, o processo de adesão da Turquia à União Europeia está parado. O bloco europeu avalia que o presidente Erdogan tem um governo autoritário que controla a imprensa, não respeita os direitos humanos e tem uma política externa antiocidente.
Nesse assunto a troca de poder poderia ser uma forma de retomar as negociações ao mostrar que a democracia turca está sendo respeitada e que há uma alternância no poder.
Um ponto que poderá ser discutido se a oposição vencer é a questão imigratória. Atualmente a UE paga uma ajuda financeira ao país, mas Kemal já sinalizou que deseja uma reformulação dessa relação e uma maior responsabilidade dos países europeus. -
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) tem a Turquia como membro, que conta com um poderoso e extenso poder militar. A relação de Erdogan com a Rússia é um ponto sensível para o bloco que tem os EUA como principal membro.
Durante a guerra na Ucrânia, Suécia e Finlândia iniciaram o processo de adesão à aliança militar. A proximidade do governo turco com Moscou foi a principal barreira para que os suecos fossem aceitos, por causa da proximidade com o território russo. A Finlândia por outro lado conseguiu ser aceita.
Kemal já sinalizou que se for eleito não irá se opor a adesão do país nórdico -
A Turquia tem um papel de mediador da guerra na Ucrânia. A boa relação com o governo russo fez que Erdogan tentasse assumir um papel de negociador da paz entre as duas partes.
O presidente turco também atuou como mediado para garantir que os grãos produzidos em território ucraniano fossem exportados em segurança, um fator considerado importante para manter o abastecimento de alimentos no mundo
Se o comando do país for mudado, não é possível dizer que essa relação com Putin e com a guerra será mantida -
A relação entre o governo da Rússia e da Turquia é um fator que está em jogo. Os dois líderes estão há 20 anos no poder e seus países são parceiros políticos e econômicos.
Manter essa relação ou construir uma nova do zero, principalmente considerando que Kemal tem uma postura contrária a várias posições adotadas por Erdogan
"O senhor Kemal ataca a Rússiae o senhor Putin. Não concordarei com isso. Nossas relações com a Rússia não são menos importantes do que as que temos com os Estados Unidos", declarou o presidente turco -
O longo período em que Erdogan está no poder é um fator que gera desconfiança por não ter uma alternância no poder. Se vencer, o atual presidente ficará mais cinco anos no comando da Turquia.
Não é incomum que seu governo seja classificado com uma autocracia e autoritário, principalmente nos últimos anos.
Seu rival aposta no apaziguamento e promete restaurar o estado de direito e respeitar as instituições do país -
A economia turca está em crise. O país tem uma inflação de cerca de 40% em um ano, uma moeda desvalorizada pela metade em dois anos e recentemente foi devastado por um forte terremoto que matou 50 mil pessoas.
Esse cenário de crise interna deverá ser encarado por quem for eleito no próximo domingo.
A popularidade do atual presidente caiu e pela primeira vez não foi eleito no primeiro turno. Ainda que tenha conseguido a maioria do Parlamento