Gelo da Groenlândia derrete 4 vezes mais rápido do que em 2003
Pesquisa mostra que as geleiras da Groenlândia estão derretendo em um ritmo quatro vezes mais rápido do que o registrado 15 anos atrás
Internacional|Do R7
O gelo da Groenlândia está derretendo mais rápido do que os cientistas pensavam e o ritmo se quadruplicou desde 2003, o que poderia acelerar o aumento do nível do mar, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21).
O estudo, que se debruça sobre os efeitos da mudança climática, foi publicado hoje pela revista "Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America", conhecida pela sigla PNAS e que é divulgada semanalmente pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
Até agora, os cientistas tinham mostrado preocupação com o desaparecimento de gelo no sudeste e no nordeste da Groenlândia, onde ainda sobrevivem grandes glaciais dos quais se desprendem pedaços de gelo do tamanho de um iceberg que, depois, submergem no oceano Atlântico para derreter.
Leia também
Por que frio recorde nos EUA não é argumento válido para negar aquecimento global
Turistas de Suécia e Finlândia são dados como mortos após avalanche
Chefe da ONU alerta sobre ordem mundial 'cada vez mais caótica'
ONU pede mais ambição para combate à mudança climática
Tempo está passando e apela por acordo vigoroso sobre o clima, afirma secretário-geral da ONU
Agora, no entanto, os pesquisadores descobriram que, entre 2003 e 2013, a maior parte do gelo da Groenlândia se perdeu não no sudeste ou no nordeste da ilha, mas no sudoeste, onde praticamente não há geleiras.
Esta descoberta demonstra, segundo o estudo, que o gelo da superfície da Groenlândia está se fundindo à medida que as temperaturas globais aumentam, o que faz com que rios de água derretida fluam até o oceano e, como consequência, cresça o nível do mar.
Dessa forma, o sudoeste da Groenlândia provavelmente se transformará no futuro em um fator importante no aumento do nível das águas, segundo alertam os cientistas.
A pesquisa adverte para os perigos que poderiam enfrentar cidades como Miami e Nova York, no litoral leste dos EUA, assim como Bangladesh, Xangai e as ilhas do Pacífico, ameaçadas pelo aumento do nível do mar como consequência do degelo.
Um dos autores do estudo, Michael Bevis, acredita que a redução da camada de gelo está alcançando um "ponto de inflexão" e que é tarde demais para solucionar o problema.
"A única coisa que podemos fazer é adaptar e diminuir um maior aquecimento global: é tarde demais para que não tenha efeito", lamentou Bevis, professor de Geodinâmica na Universidade de Ohio.
A pesquisa foi realizada com dados de satélites da Nasa que se dedicam a medir a perda de gelo na Groenlândia.
Esses satélites calculam que, entre 2002 e 2016, a ilha perdeu gelo suficiente para aumentar o nível do mar a um ritmo de 0,7 milímetros ao ano.
Além disso, segundo esses números, se derretesse todo o gelo da Groenlândia, que tem até três quilômetros de grossura em alguns lugares, então o nível do mar aumentaria cerca de sete metros, o que bastaria para submergir a maior parte das cidades litorâneas do mundo.