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Genro de Trump ganha espaço como mediador no Oriente Médio

De origem judaica e com trânsito em países árabes, Jared Kushner tem conseguido ajudar a aproximar Israel de inimigos históricos

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Kushner é neto de sobreviventes do Holocausto
Kushner é neto de sobreviventes do Holocausto

Muitas vezes as relações internacionais são consequência de relações humanas, nas mais altas esferas de poder. A simpatia por um interlocutor pode significar o fim de décadas de hostilidades entre duas nações. E dá a impressão de que esse mensageiro está acima de partidos, como vem ocorrendo com o americano Jared Corey Kushner, 39 anos, genro do presidente americano Donald Trump.

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De origem judaica e com trânsito em países árabes, ele tem conseguido ajudar a aproximar Israel de inimigos históricos. Neste momento em que as eleições americanas se aproximam, sua presença ganha ainda mais importância no governo de Trump, por causa da imagem ligada à conciliação.

Para Israel, a participação de representantes americanos tem sido fundamental nas negociações, conforme ressaltou ao R7 a embaixada israelense no Brasil.

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"A importância dos Estados Unidos como intermediário entre os vários lados do Oriente Médio é imensa. O governo dos Estados Unidos investiu pesadamente na construção de um plano de paz com o objetivo de mudar a realidade no Oriente Médio e agora estamos vendo os primeiros frutos desse plano. Ao longo dos anos, a importância dos Estados Unidos como mediador provou-se e promoveu as possibilidades de alcançar a paz e a estabilidade em toda a região. Agradecemos aos Estados Unidos por seu compromisso com o processo de paz e segurança de Israel", declarou a entidade, sem se referir especificamente a Kushner.

Mas o papel dele lembra o dos grandes interlocutores da história americana, como Harry Hopkins, amigo do presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) e que, por seu estilo comunicativo, era enviado para as mais difíceis negociações, com chefes de estado como Winston Churchill (de quem ficou amigo) e Josef Stálin (inclusive após a morte de Roosevelt).

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Empresário do ramo imobiliário, Kushner, que desde 2009 é casado com Ivanka Trump, filha do presidente, com quem tem três filhos, se tornou gestor da campanha de Trump, conduzindo-a com ênfase nas plataformas digitais.

Segundo a imprensa americana, ele chegou a ser investigado, sem ter sido o alvo, na denúncia sobre suposta interferência russa nas últimas eleições americanas que, apesar de inconclusiva, segundo o ex-procurador especial Robert Mueller, não levou a um inquérito contra o presidente.

Kushner foi ganhando a confiança por seu estilo mais discreto, até ser nomeado Conselheiro Sénior do Presidente, em janeiro de 2017, com indicação aprovada pelo Departamento de Justiça.

Ele utiliza recursos básicos de negociação, a começar pela imagem que passa durante as conversas, fazendo seus 1m91 de altura e um aspecto elegante e jovial angariarem a confiança do interlocutor;

Kushner também tem obtido certo sucesso nas conversas no Oriente Médio devido à relação que tem com o tema.

Netos de sobreviventes do Holocausto, ele tem forte ligação com a comunidade judaica o que, em certo sentido, acaba lhe dando crédito junto a Israel, quando oferece benefícios ao outro lado.

Situação similar viveu o ex-secretário de estado Henry Kissinger, nos anos 70, quando, também de origem judaica, negociava com os árabes, muitas vezes abrindo concessões que antes não eram aceitas por Israel, sabendo que teria que se explicar e acalmar a primeira-ministra Golda Meir.

As negociações para um primeiro acordo, no governo de Trump, entre Israel e palestinos são um primeiro exemplo da técnica utilizada por Kushner.

Ele foi ousado ao, durante conferência em Bahrein, em junho de 2019, apresentar um projeto que previa a injeção de 50 bilhões de dólares, o desenvolvimento da indústria do turismo e a instalação da tecnologia 5G nos territórios palestinos.

A proposta foi criticada por alas conservadoras em Israel, por a considerarem idealista demais, dizendo que as contrapartidas não eram proporcionais. Mas, além de tal ideia poder prosperar no futuro, serviu como um passo importante para Kushner obter a confiança dos árabes.

Esse canal aberto acabou se mostrando uma estratégia, ao servir para costurar o acordo entre Israel e os Emirados Árabes, divulgado em 13 de agosto último, depois de longas conversas, denominado pacto de Abraham.

A conciliação teve como uma das bases uma premissa fundamental para os árabes. Kushner soube como lidar com o tema religião, assunto delicado neste tipo de negociação, e conseguiu a permissão de que os fiéis muçulmanos dos Emirados façam viagens a Israel apenas para visitar a mesquita de Al-Aqsa, terceiro lugar mais sagrado do islã e situado na Cidade Velha de Jerusalém, por meios de voos diretos de Abu Dhabi para Tel Aviv.

Para incrementar a negociação, Kushner intermediou com Israel a paralisação, pelo menos momentânea, do projeto de anexar ao território israelense uma boa parte da Cisjordânia. Em troca, conseguiu uma formalização de que os Emirados Árabes reconhecem o Estado de Israel. Mostrando que um acordo nasce quando se sabe realçar a disposição de cada um dos lados de ceder algo.

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