George Floyd disse 20 vezes que não podia respirar, mostra transcrição
Divulgação da íntegra da gravação da operação que matou o homem negro desarmado em Minneapolis reforça a indiferença dos policiais às súplicas
Internacional|Da EFE, com R7
George Floyd, o homem negro cujo assassinato pela polícia levou a enormes protestos antirracistas nos Estados Unidos e no mundo, alertou os agentes que o mataram cerca de 20 vezes que ele não conseguia respirar, de acordo com a transcrição da gravação da operação por uma câmera usada por um dos policiais envolvidos no crime. A íntegra da gravação foi divulgada na quarta-feira (8).
A transcrição usa como base a gravação da câmera do corpo de Thomas Lane, um dos quatro policiais indiciados no caso e cuja defesa está buscando atenuar as acusações contra ele, apontando o principal réu, Derek Chauvin, como o responsável pela morte de George Floyd.
Até agora, os últimos minutos da vida de Floyd eram conhecidos graças aos vídeos gravados pelos transeuntes, mas o documento fornecido por Lane mostra a cena, que ocorreu em 25 de maio em Minneapolis, de uma maneira ainda mais dramática.
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"Eles vão me matar, vão me matar", disse Floyd, 46, quando os policiais o imobilizaram e ficaram de bruços no chão, ao qual Chauvin respondeu: "Pare de falar, pare de gritar. É preciso muito oxigênio para falar."
Oito minutos sendo sufocado
Na verdade, foi Chauvin que sufocou Floyd pressionando o joelho contra o pescoço por mais de oito minutos, durante os quais a vítima repetiu mais de 20 vezes que não conseguia respirar.
As súplicas desesperadas de Floyd foram respondidas pelos outros três agentes envolvidos com frases como "relaxe" (Tou Thao), "respire fundo" (Lane) ou "você está bem, está falando bem" (Alexander Kueng).
Todos os quatro policiais envolvido na ação foram demitidos da Polícia de Minneapolis e depois acusados de assassinato.
"Não consigo respirar", de Floyd, mais tarde se tornou um dos slogans de protesto.
Floyd informou estar com coronavírus
A gravação feita pela câmera corporal deixa claro que Floyd informou à polícia que estava com coronavírus, que estava doente e tendo problemas para respirar.
A certa altura, Lane questionou Chauvin — o agente mais experiente dos quatro — se eles deveriam virar Floyd de lado, mas Floyd respondeu "não".
Lane insistiu que estava preocupado com a saúde de Floyd, pois ele parecia estar sob a influência de alguma substância.
"Bem, é por isso que uma ambulância está chegando", disse Chauvin, que não levantou o joelho do pescoço de Floyd até que um paramédico o mandou.
Chauvin é acusado de assassinato em segundo grau e assassinato em terceiro grau por matar Floyd, enquanto Lane, Thao e Kueng são acusados de ajudar e favorecer assassinatos em segundo grau.
Lane, que aguarda o julgamento em liberdade após pagar fiança de US$ 750 mil, argumentou que essa era sua primeira semana de trabalho e que foi Chauvin quem tomou as decisões que levaram à morte de Floyd.
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