Guerra na Ucrânia prova que nem todas as vidas importam
Há uma escala de valor quando as mortes e os massacres estão em determinada posição geopolítica
Internacional|Marco Antonio Araujo, do R7
Todas as vidas importam. A morte de cada ser humano nos diminui a todos, diz o poeta. A guerra na Ucrânia perverte de forma solene essa fraternidade universal. Por algum motivo — sejamos francos — ideológico, esse combate (indiscutivelmente incomum) ganhou uma relevância estridente junto à opinião pública mundial.
Não há dúvidas sobre a gravidade do conflito. Há reais possibilidades de tudo se tornar uma crise de proporção bélica internacional. Não é o mais provável. Mas a repercussão já vista nesses poucos dias nos coloca diante de uma constatação: há guerras que importam e, de outro lado, massacres cotidianos e irrelevantes.
Neste instante, há guerras em andamento na Etiópia, no Iemên, na Síria, Líbia, Mali, Mianmar, Saara Ocidental, República Centro-Africana. Até em Burkina Faso (já ouviu falar?). Bulhufas.
Mas as mortes na Ucrânia ganham uma relevância não vista desde o início da Guerra Fria. As invasões implacáveis do Afeganistão, do Iraque, do Kuwait, com seus milhares de mortes, em nenhum momento patrocinaram essa tropa de choque de informações e discursos inflamados.
Obviamente, nem todas as mortes importam. Há uma escala de valor quando as vidas perdidas estão em determinada posição geopolítica.
Nada de novo no front.