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Guerra Síria: Atentados a bomba trazem tensão de volta a Damasco

Combates no país completam 9 anos e a capital, desde fevereiro, passa por um caos de segurança e preocupação com coronavírus, segundo a OSDH

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Atentados voltaram a ocorrer em Damasco
Atentados voltaram a ocorrer em Damasco

Ao se completarem nove anos desde o início da Guerra na Síria (em 15 de março de 2011), uma crise humanitária assola várias cidades do país. E a capital Damasco, considerada o mais seguro reduto do governo, volta a ser foco de tensão, após uma série de explosões de bombas colocadas em carros.

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Além de tudo, o coronavírus também é uma preocupação no país, em momento no qual mais de 1 milhão de refugiados ainda se ressentem dos recentes bombardeios na região de Idlib, que não pouparam nem hospitais e nem locais que abrigam civis. 

E mesmo com a trégua entre Rússia e Turquia na região, a guerra tende a não ter um vencedor, na prática. Cada uma dessas nações apoia um lado no conflito. A Rússia dá suporte à ditadura de Bashar al-Assad, enquanto a Turquia enviou soldados para lutar ao lado de opositores.


Até mesmo a região de Damasco, capital do país, deixou de ser aquele aparente centro seguro, se comparado até pouco tempo atrás a outras partes do país.

A cidade, desde fevereiro, passa por um caos de segurança sem precedentes, desde que o regime sírio recuperou toda a cidade. A informação é da organização OSDH (Observatório Sírio para os Direitos Humanos).


A oposição ao regime, após perder o controle de regiões periféricas da cidade, passou a utilizar os ataques terroristas como forma de luta. Entre 7 e 25 de fevereiro, por exemplo, explosões de bombas colocadas em carros deixaram cinco mortos e pelo menos 15 pessoas feridas.

Na manhã desta sexta-feira (13), ocorreu mais uma explosão de um veículo, na área de Al-Dahalil. O motorista, provavelmente um militar, morreu ao dar entrada no hospital.


Para o professor Danilo Porfírio de Castro Vieira, de Relações Internacionais e Direito do Uniceub (Centro Universitário de Brasília), muitos destes atentatos têm sido cometidos por remanescentes opositores, entre eles do Daesh, derrotado no país, numa outra maneira de dar continuidade à guerra.

"A guerra dita regular se arrefeceu na região, com o fortalecimento do Baschar al-Assad e enfraquecimento do Daesh e de outras forças de oposição. Nestas situações, o recurso de insurgência acaba descambando para o terrorismo, não só vinculado ao foco específico (autoridades) mas à população, para desetabilizar o já problemático regime do Assad", afirma.

Os ataques fizeram o regime de Assad iniciar uma forte vigilância nos arredores da cidade. Postos de controle foram instalados em vários pontos e as revistas têm sido rígidas, deixando a cidade muito longe do clima de paz propalado pelo ditador.

"Assad está à beira de uma vitória de Pirro (uma vitória com perdas imensuráveis, em alusão ao rei Pirro, do Epiro, em batalha contra os romanos no ano de 280 a.c.) ", afirma Castro Vieira.

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Ele explica: "Tudo bem que com os russos aliados e até de forma indireta pela ação americana, o Daesh foi declarado derrotado, mas sabemos que existem focos. A insurgência política, de caráter religioso ou não, pode acontecer por meio de guerra regular civil ou por meio de uma guerra irregular, com ações de guerrilha e pontuais que surpreendem e mantêm um clima de terror. É o que está acontecendo agora em Damasco".

O aumento da vigilância, ainda que com violência, deverá ser mais uma atitude de Assad que não surtirá efeito prático, na opinião do professor.

"Aumentar a segurança é uma tentativa muitas vezes inútil, já que o inimigo se torna individual e até invisível. Na guerra de independência da Argélia contra a França, homens se vestiam de mulheres e com trajes muçulmanos escondiam bombas. Contra Israel meninos e meninas eram preparados com bombas. Podem ser carros, pessoas, esse é o ponto. Sinceramente, esse tipo de recurso não tem prazo para acabar, ainda mais em um local de tanta tensão como a Síria", completa.

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