Guia grosseiro que ‘humilha’ turistas faz sucesso em museu na Alemanha
Personagemcriado por artista performático transforma visitas ao Kunstpalast em espetáculos de humor ácido
Internacional|Do R7
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Um passeio pelo museu Kunstpalast, em Düsseldorf, na Alemanha, virou experiência de humor desconfortável e reflexão cultural. O “Guia Mal-Humorado”, interpretado pelo artista Carl Brandi sob o pseudônimo de Joseph Langelinck, conduz grupos de visitantes com sarcasmo, broncas e ironia, transformando a tradicional visita guiada em uma performance teatral que mistura comédia e crítica à pretensão intelectual do mundo das artes.
Durante o tour, que dura cerca de 70 minutos, o personagem repreende o público por falar baixo, checar o celular ou fazer perguntas óbvias. Ao passar por esculturas renascentistas ou pinturas clássicas, Langelinck ironiza o conhecimento dos visitantes, pedindo que citem de memória os 12 trabalhos de Hércules ou zombando de respostas erradas.
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“Procuro fazê-los se sentirem o mais ignorantes possível”, admitiu Brandi, em entrevista ao jornal britânico Guardian. O artista encarna o papel desde maio, quando o programa foi lançado.
O sucesso surpreendeu o próprio museu. Desde a estreia, todas as edições, realizadas duas vezes por mês, estão esgotadas, e novas vagas só devem abrir no próximo ano. Segundo o artista, o público gosta da “montanha-russa emocional” provocada pela experiência, comparável ao estilo de restaurantes como o Karen’s Diner, onde garçons atendem os clientes de forma deliberadamente rude.
A ideia surgiu do diretor do Kunstpalast, Felix Krämer, que buscava novas formas de atrair jovens e diversificar o público. Em um cenário europeu onde museus experimentam formatos inusitados, Langelinck mistura deboche e filosofia, atacando tanto os frequentadores quanto o próprio museu e suas escolhas curatoriais.
Em uma das cenas mais marcantes, o guia ironiza uma exposição que mistura pinturas de Rubens e objetos do cotidiano, como cadeiras e um Fusca original. “Você poderia estar em uma loja de móveis”, grita, antes de disparar críticas contra o que chama de “superficialidade instagramável” das exposições modernas.
O personagem tem também uma história inventada: seria descendente do príncipe Johann Wilhelm von der Pfalz, cujo acervo original deu origem à coleção do museu. A amargura de Langelinck, explica Brandi, viria de um orgulho ferido e de uma relação pessoal com a instituição, uma metáfora para o conflito entre tradição e entretenimento que marca o debate sobre o papel dos museus contemporâneos.
Apesar das broncas, o público sai rindo. “Ele foi brilhante ao criticar a curadoria e provocar o público”, disse o visitante Lothar Richter, de 68 anos. Já Corinna Schröder, que levou uma reprimenda por falar baixo, resumiu a sensação com bom humor. “Foi divertido, mas talvez na próxima vez eu volte só para ver as obras em paz.”
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