Hotel de Trump contrata imigrantes ilegais, que denunciam maus tratos
Duas mulheres, contratadas por resort mesmo sem ter documentação, contaram ao jornal The New York Times que se sentiam humilhadas
Internacional|Carolina Vilela* e Cristina Charão, do R7
Empresas do ramo de hotelaria pertencentes ao presidente dos EUA, Donald Trump, mantêm imigrantes ilegais entre seus trabalhadores, conforme relatos publicados nesta quinta-feira (6) pelo jornal The New York Times.
Uma funcionária e uma ex-funcionária do resort Trump National Golf Club, na cidade de Bedmister, Nova Jersey, revelaram ao jornal que foram contratadas mesmo sem ter a documentação necessária para isto. Segundo elas, era bastante comum que o hotel contratasse imigrantes ilegais para funções de manutenção.
Trump construiu sua campanha presidencial de 2016 em torno de uma postura linha dura contra a imigração ilegal. Segundo o jornal, não há provas de que o presidente soubesse dessas contratações, porém as imigrantes entrevistadas garantem que seus supervisores trabalhavam ativamente para despistar a fiscalização.
'Cansei de ser humilhada'
Victorina Morales, 45, contou ao Times que saiu da Guatemala em 1999 e foi contratada para trabalhar no hotel com documentos falsos. Durante a entrevista, a guatemalteca que trabalha no local há cinco anos afirmou que, quando Trump assumiu a presidência, a forma como os imigrantes ilegais que trabalham no hotel são tratados mudou.
"Eu estou cansada de ser humilhada e tratada como se eu fosse uma pessoa burra", desabafou a camareira ao New York Times.
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Sua ex-colega, Sandra Diaz, trabalhou no resorte entre os anos de 2010 e 2013. Neste período, foi responsável várias vezes por atender Trump, lavando e passando suas roupas e também limpando a casa de dois andares que o presidente mantém no resort.
Ela lembra de um episódio tenso envolvendo Trump. Ele a teria chamado para dentro de um dos cômodos da casa e passado o dedo sobre várias peças da mobília, testando se Sandra tinha feito um bom trabalho.
Trump ainda se hospeda no resort
Em seu tempo à frente da Casa Branca, Trump ficou hospedado no resort em Bedminster um total de 70 dias.
Neste mesmo período, ele pediu um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México, promoveu deportações em massa dos indocumentados e uma expansão do E-Verify, a ferramenta on-line do governo federal para verificar se os funcionários são legalmente qualificados para trabalhar.
De acordo com o jornal, Victorina disse que os gerentes do hotel de Trump a ajudaram com documentação para que ela não fosse identificada como imigrante ilegal.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Cristina Charãofoto
Em fotos: Cansados de esperar resposta, imigrantes violam fronteira dos EUA