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Ilhas paradisíacas e remotas do Pacífico se esquivam da pandemia

Ilhas Cook, Kiribati, Micronésia, Niue, Palau, Nauru, Tonga, Samoa e Tuvalu ainda não registraram casos, segundo a OMS

Internacional|Da EFE

Arquipélagos fecharam completamente as fronteiras
Arquipélagos fecharam completamente as fronteiras

Quase um ano depois que a pandemia do novo coronavírus foi declarada em todo o mundo, um punhado de pequenos e remotos países insulares do Oceano Pacífico conseguiram evitar o vírus fechando completamente as fronteiras, embora esse isolamento seja acompanhado por altos danos econômicos.

O distanciamento físico ou confinamento e o toque de recolher são medidas estranhas ao cotidiano dos habitantes das Ilhas Cook, Kiribati, Micronésia, Niue, Palau, Nauru, Tonga, Samoa e Tuvalu, países que até agora não registraram casos de covid-19, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Esses pequenos países, compostos principalmente de arquipélagos com dezenas de pequenas ilhas e atóis, têm uma população combinada de pouco mais de 1,4 milhão, sendo Tuvalu (com 11.192 cidadãos) o menos povoado.

O sucesso das nações insulares geograficamente remotas se deve "ao controle mais rígido das fronteiras, quarentenas estritas e poucos voos de repatriação", disse Meru Sheel, epidemiologista da Universidade Nacional da Austrália, à EFE.


Cercadas pela imensidão do oceano Pacífico e a milhares de quilômetros de seus vizinhos mais próximos, essas ilhas paradisíacas agiram com rapidez e determinação para conter a chegada do vírus em seu caminho.

Mesmo com restrições, algumas ilhas registraram casos de covid-19
Mesmo com restrições, algumas ilhas registraram casos de covid-19

O fechamento das fronteiras desde março último foi fundamental para evitar a repetição de uma situação semelhante à que ocorreu em 2019, quando o sarampo se espalhou pelo Pacífico para locais como Tonga e Fiji.


Mas, com o passar do tempo, as chances de ficar livre do covid-19 diminuíram, já que em outubro as Ilhas Marshall e as Ilhas Salomão detectaram suas primeiras infecções importadas e um mês depois, Vanuatu também confirmou o primeiro caso.

“Um vírus que circula na região é sempre um risco”, alerta Sheel, lembrando que a área “tem recursos limitados” em termos de infraestrutura e pessoal de saúde, além de limitações para fazer exames para detectar o vírus e rastrear contatos.


Outro dos problemas que enfrentam são as doenças de base da população, como doenças coronárias, respiratórias crônicas, diabetes, obesidade, câncer em parte dos 2,3 milhões de habitantes espalhados pelos arquipélagos do Pacífico.

Com falta de turistas, ilhas sofreram graves prejuízos econômicos
Com falta de turistas, ilhas sofreram graves prejuízos econômicos

Impacto econômico

No entanto, para essas ilhas, a tranquilidade de estar livre do covid-19 teve um custo alto. É o caso de Fiji, que tem cinquenta casos, a infraestrutura mais desenvolvida da região e conseguiu conter a pandemia.

Mas o produto interno bruto (PIB) de Fiji pode cair 20%, de acordo com cálculos do Banco Mundial, que prevê que as economias da ilha não se estabilizarão até 2022.

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Além disso, a pandemia obrigou muitas famílias “a tomar decisões difíceis como parar de comer ou tirar os filhos das escolas, o que terá consequências nefastas nos próximos anos”, alerta Michel Kerf, representante do Banco Mundial no região em um relatório publicado no mês passado.

O fim do turismo também é agravado pela forte redução do comércio internacional, a queda nos preços das matérias-primas devido à menor demanda e a diminuição do número de trabalhadores sazonais.

China e vacina

Palau, como as Ilhas Marshall, começou a inocular a vacina Moderna e espera-se que a pequena ilha de quase 18 mil habitantes seja uma das primeiras do mundo a imunizar toda a sua população contra a covid-19.

"A economia foi fortemente impactada pelo covid-19, a única solução é se vacinar", disse Tommy Remengesau, o presidente cessante de Palau, onde o turismo representa mais de 40% do PIB.

Para obter a vacina, as ilhas do Pacífico dependem em grande medida da cooperação de países como Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia, além da China, que busca ampliar sua influência na região com projetos de infraestrutura e auxílio financeiro devido à preocupação de Washington e seus aliados.

"Será interessante ver o que a China vai fazer no Pacífico, que quer distribuir sua vacina aos países mais pobres... mas também quer ter influência no nível político", disse o especialista em bioética da Universidade de Sydney à Efe Diego Silva.

“O que vai acontecer se Palau tiver a vacina americana e as Ilhas Salomão, por exemplo, a China? Que efeito isso vai ter na região?”, Questionou este uruguaio-australiano.

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