Imigrantes dizem ter sido separados novamente dos filhos nos EUA

Quatro pais imigrantes relataram à Justiça dos EUA que foram separados dos filhos poucas horas depois de terem sido reunidos, na última quarta-feira (25), quando o prazo dado ao governo para juntar novamente as famílias estava para se esgotar.

O caso aconteceu em um centro de detenção em El Paso, no Texas. A advogada Laila Arand, que representa os pais gratuitamente, entrou com uma ação no último sábado (28), solicitando que eles possam ser reunidos novamente.

Horas de reunião

Segundo os relatos dos pais, eles tiveram algumas horas de reunião com os filhos no centro onde ficaram abrigados, em El Paso, na quarta. Todos foram embarcados em um ônibus e seriam levados a um outro abrigo, onde poderiam permanecer juntos enquanto a Justiça decide sobre seus pedidos de asilo.

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No entanto, poucos minutos depois que o ônibus deixou o centro, o motorista deu a volta e retornou ao local. Depois que estacionou, entraram no veículo homens que identificaram como agentes da ICE (sigla em inglês para Agência de Imigração e Alfândega), entidade responsável por imigrantes ilegais no país.

Opções sem escolha

Eles pediram a cada um dos pais que assinassem um documento. O texto estava quase todo em inglês, que nenhum dos imigrantes conseguia ler. Apenas o trecho final, onde os pais deveriam escolher uma de três opções para uma eventual deportação, estava em espanhol. 

As opções para os pais eram:

1 — "quero ser deportado com meus filhos"

2 — "não quero que meus filhos sejam deportados comigo caso eu perca o pedido de asilo"

3 — "quero consultar um advogado"

Os pais afirmaram à advogada que todos os documentos já estavam com a opção 1 marcada a caneta e que a orientação dos agentes da ICE era de que os imigrantes deveriam apenas assinar o documento.

Para fora do ônibus

Um dos pais, identificado na ação pelas iniciais F.G., se recusou a assinar o documento. Ele afirma que preferia que o filho permanecesse em segurança nos EUA, mesmo que ele fosse deportado.

Os agentes da ICE então se irritaram, retiraram F.G. e um grupo de cinco outros pais, que se recusavam a assinar os documentos com a opção 1 já marcada, de dentro do ônibus. Um deles chegou a gritar para um pai que ele "já tinha perdido o caso quando cruzou a fronteira".

F.G. pediu para buscar seus pertences no bagageiro no ônibus e contou que viu seu filho, de 17 anos, tentando descer para se despedir, mas foi impedido pelos agentes.

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O veículo então foi embora, levando os filhos para outro abrigo. Os pais que se recusaram a assinar o documento permaneceram dois dias detidos no mesmo centro em El Paso e depois foram transferidos. F.G. está no Novo México e ainda não descobriu onde o filho foi parar.