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Imprensa dos EUA se une contra discurso hostil de Trump

Pelo menos 100 jornais e revistas dos EUA publicarão diferentes editoriais contra declarações do presidente que chama imprensa de 'inimigo do povo'

Internacional|Do R7

Trump participa de exercício militar: presidente chamou imprensa de 'inimigo do povo'
Trump participa de exercício militar: presidente chamou imprensa de 'inimigo do povo'

Mais de 100 publicações dos Estados Unidos se uniram para criar uma frente comum contra os ataques aos jornalistas feitos pelo presidente Donald Trump, que chegou a chamar a imprensa de "o inimigo do povo americano".

Pelo menos 100 jornais e revistas do panorama americano publicarão nesta quinta-feira (16) diferentes editoriais para desarmar a retórica hostil de Trump contra os meios de comunicação do país, que o presidente vem promovendo desde o início de sua campanha presidencial.

A iniciativa, liderada pelo histórico jornal The Boston Globe, já reúne grandes nomes da imprensa nacional, como The Houston Chronicle, Minneapolis Star Tribune, Miami Herald e Denver Post, de acordo com a informação veiculada por meios de comunicação locais.

Outros veículos de referência, como The Washington Post e The New York Times, ainda não confirmaram sua participação publicamente, mas são duas das publicações que foram alvo de ataques de Trump em repetidas ocasiões.


Trump diz que veículos 'inventam histórias'

O presidente garantiu que esses jornais e as emissoras de televisão CNN e NBC, entre outros meios de comunicação, citam "fontes anônimas que não existem" para elaborar suas notícias e que "inventam histórias" para desacreditar seu trabalho no Salão Oval da Casa Branca.


A equipe de Trump chegou inclusive a impedir o acesso a uma atividade na Casa Branca para a repórter da CNN Kaitlan Collins, depois de considerar que ela tinha feito perguntas "inapropriadas" durante a visita do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em julho.

Em relação a essas ações, o Boston Globe decidiu dar um passo à frente e liderar uma coalizão de jornais que levantarão a voz nesta quinta-feira em favor da liberdade de imprensa, que é garantida nos Estados Unidos pela primeira emenda da Constituição.


"Propomos publicar um editorial em 16 de agosto sobre os perigos dos ataques da Administração à imprensa e pedir a outros (meios de comunicação) que se comprometam a publicar seus próprios editoriais na mesma data", afirmou o Globe em carta enviada para centenas de veículos de informação americanos.

Adesão de jornais pequenos

A editora adjunta da seção editorial do Boston Globe, Marjorie Pritchard, afirmou neste fim de semana à emissora CNN que espera que a quantidade final de jornais participantes aumente "nos próximos dias".

"A resposta foi arrasadora. Temos alguns jornais grandes, mas a maioria são de mercados menores, todos entusiasmados por resistirem ao ataque de Trump ao jornalismo", acrescentou Pritchard.

A resposta conjunta chega uma semana depois que Trump insistiu na ideia de que a imprensa é "o inimigo do povo americano", uma afirmação que ele já fez repetidas vezes.

"Os meios de comunicação falsos ("fake news") odeiam que alguém diga que eles são os inimigos do povo só porque sabem que isto é VERDADE", escreveu Trump no Twitter.

ONU alerta sobre críticas de Trump

As contínuas referências ofensivas do presidente à imprensa despertaram preocupação entre várias organizações internacionais, como a ONU e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que expressaram seu desconcerto e alertaram para o perigo que tais críticas impiedosas supõem.

"Esses ataques são contrários às obrigações do país de respeitar a liberdade de imprensa e o direito internacional de direitos humanos", assinalaram neste mês em comunicado conjunto os relatores especiais para a liberdade de expressão da ONU e da CIDH, David Kaye e Edison Lanza, respectivamente.

Além disso, os especialistas manifestaram seu temor de que os jornalistas "possam sofrer atos de violência" pelos comentários negativos para eles por parte de Trump.

Por sua vez, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, garantiu neste fim de semana que as agressões verbais do presidente "estão se aproximando muito da incitação à violência".

Em relação a esta situação, a imprensa americana mostrará sua união nesta quinta-feira com a publicação de pelo menos 100 editoriais para resistir ao comportamento de Trump e desarmar sua retórica hostil contra os meios de comunicação do país.

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