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Índia e Paquistão se acusam de extremismo na Assembleia da ONU

Chefes de Estado dos países divergiram sobre o papel do Paquistão no Afeganistão em seus discursos

Internacional|Do R7

Discursos divergentes ocorreram na Assembleia da ONU
Discursos divergentes ocorreram na Assembleia da ONU

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, declarou neste sábado (25) na ONU que nenhum país deveria se beneficiar com a ascensão do Talibã ao poder no Afeganistão, depois de trocar, no dia anterior, acusações de extremismo com o Paquistão, que apelou ao mundo a trabalhar com os novos líderes em Cabul.

"É absolutamente essencial garantir que o território do Afeganistão não seja usado para desenvolver o terrorismo e para ataques terroristas", disse o líder indiano no púlpito da Assembleia-Geral da ONU. 

"Também devemos permanecer atentos para garantir que nenhum país tente tirar vantagem da difícil situação existente e usá-la como uma ferramenta para seus próprios interesses egoístas", disse Modi.

Na sexta-feira (24), quando se encontrou com o presidente americano Joe Biden na Casa Branca, o primeiro-ministro indiano expressou preocupação com o papel do Paquistão no Afeganistão.


Modi defendeu "o monitoramento do papel do Paquistão no Afeganistão" e "na questão do terrorismo", segundo disse à imprensa o ministro das Relações Exteriores da Índia, Harsh Vardhan Shringla.

Em seu discurso na ONU, realizado na sexta-feira por meio de um vídeo pré-gravado, o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, disse que o Talibã havia prometido respeitar os direitos humanos e encorajou a comunidade internacional a dialogar com o movimento fundamentalista islâmico.


"Devemos fortalecer e estabilizar o atual governo para o bem do povo do Afeganistão", insistiu. Ele também defendeu a atitude de seu país, o principal apoiador do regime talibã que, entre 1996 e 2001, impôs uma interpretação particularmente rigorosa do Islã e acolheu a rede terrorista Al-Qaeda, o que levou à invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Autoridades americanas acusaram o poderoso serviço de inteligência do Paquistão de continuar a apoiar o Talibã, enquanto Donald Trump, o antecessor de Biden, cortou a ajuda militar a Islamabad.


Khan acusou ainda a Índia de "impor um reinado de terror" aos 200 milhões de muçulmanos que vivem naquele país, provocando uma forte reação da delegação indiana. 

Uma das questões espinhosas entre os dois Estados é a Caxemira, o disputado território do Himalaia. Em 2019, Nova Delhi revogou a semi-autonomia da Caxemira indiana.

Os moradores daquela região predominantemente muçulmana dizem que a repressão se intensificou desde então. Khan, que planeja se encontrar com Joe Biden, acusou as autoridades americanas de fazer vista grossa às "violações impunes dos direitos humanos" por parte da Índia.

Na sexta-feira à noite, uma diplomata indiana, Sneha Dubey, exigiu que lhe fosse concedido direito de resposta e acusou o Paquistão de abrigar Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda assassinado pelas forças especiais dos EUA em 2011.

O Paquistão "é um país incendiário que se faz passar por bombeiro", disse. "Alimenta os terroristas em seu quintal e torce para que prejudiquem apenas seus vizinhos", acusou.

Ela também denunciou o "genocídio cultural e religioso" perpetrado em 1971, quando Bangladesh conquistou a independência. 

Por sua vez, a diplomata paquistanesa Saima Saleem retrucou questionando a alegação feita por Dubey de que a Caxemira, que é parcialmente controlada por Islamabad, é um problema interno da Índia.

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