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Índia registra recorde de mortes e contágios de covid-19 em 24 horas

Nova marca rompeu uma série de vários dias de leve queda; especialistas acreditam que números estão subnotificados

Internacional|Da AFP

Índia registra recorde de mortes e contágios de covid-19 em 24 horas
Índia registra recorde de mortes e contágios de covid-19 em 24 horas

A Índia registrou o recorde de quase 4 mil mortes por covid-19 e 412 mil novos contágios em 24 horas, ao mesmo tempo que as autoridades alertaram que o país deve se preparar para "novas ondas".

Os números do ministério da Saúde contabilizam 3.980 óbitos e 412.262 casos em apenas um dia, o que eleva a 230.168 o número de vítimas fatais e a 21,1 milhões as infecções registradas na Índia desde o início da pandemia.

Alguns especialistas consideram, no entanto, que os números oficiais estão subnotificados.

O novo recorde rompeu uma série de vários dias de leve queda dos casos.


Após o recorde anterior de 402 mil contaminações diárias na sexta-feira passada, nos dias seguintes o país registrou uma leve diminuição até 357 mil casos, antes de voltar a subir a partir de terça-feira.

De acordo com os especialistas, o pior ainda está para acontecer no país de 1,3 bilhão de habitantes, com um pico epidêmico que deve ser alcançado dentro de algumas semanas. 


"Terceiro episódio inevitável"

"Um terceiro episódio é inevitável dados os elevados níveis de infecção atuais", advertiu K. Vijay Raghavan, principal conselheiro científico do governo indiano.

"Mas não está claro exatamente quando acontecerá este terceiro episódio. Temos que nos preparar para novas ondas", afirmou em uma entrevista coletiva.


O governo do primeiro-ministro Narendra Modi, no entanto, se nega a decretar um confinamento generalizado. Várias regiões, incluindo a capital Nova Délhi, Bihar e Maharashtra, optaram por confinar a população.

Outros estados como Bengala Ocidental e Karnataka também registraram um forte aumento dos contágios, assim como Kerala, onde o primeiro-ministro da região, Pinarayi Vijayan, anunciou nesta quinta-feira um confinamento de uma semana.

A gestão da crise por parte do governo recebe cada vez mais críticas, inclusive dos tribunais, pela dramática situação do sistema de saúde, que não recebe financiamento suficiente.

Os pacientes com dificuldade respiratória estão morrendo nas portas de hospitais sobrecarregados, com escassez de oxigênio e produtos médicos essenciais.

Onze pessoas morreram em um hospital da região de Madras por uma queda na pressão dos tubos de oxigênio, informou o jornal Times of India. 

"As internações estão suspensas por tempo indeterminado, pela falta de oxigênio", tuitou Devlina Chakravarty, diretora executiva do hospital Artemis de Gurgaon, perto de Nova Délhi. 

Políticos em "torres de marfim"

O governo de Délhi anunciou que precisa de 700 toneladas de oxigênio por dia para seus hospitais, mas o Supremo Tribunal foi informado na quarta-feira que apenas 585 toneladas foram obtidas. Finalmente, diante da ameaça de um processo por desacato, os advogados do governo central argumentaram que a cidade precisava de apenas 415 toneladas. 

O tribunal deu ao governo prazo até esta quinta-feira para apresentar um plano de envios adicionais. 

O Tribunal Superior de Délhi acusou os políticos e funcionários do governo de "viver em torres de marfim". 

Ao mesmo tempo, o Tribunal Superior de Allahabad, no estado de Uttar Pradesh, afirmou que permitir a morte de tantas pessoas "é um ato criminoso e nada menos que um genocídio". 

Os hospitais de Calcutá, Bangalore e outras grandes cidades indianas também enfrentam uma grave escassez. 

Diante da indignação crescente, o Banco Central anunciou na quarta-feira um pacote de 6,7 bilhões de dólares em empréstimos a juros baixos para fabricantes de oxigênio, vacinas e medicamentos, assim como para os hospitais.

Nos últimos 10 dias, a Índia recebeu ajuda médica de emergência, que inclui gerados de oxigênio e respiradores, principalmente dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

Mas a Índia precisará de mais oxigênio para enfrentar o fluxo de pacientes até conseguir estabilizar a situação, afirmou uma fonte do governo, que pediu à comunidade internacional que continue ajudando o país. 

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