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Indonésia: os desafios de resgatar o submarino desaparecido

Localizar a embarcação é apenas a primeira e a menos complicada das etapas de uma operação para salva os 53 tripulantes

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Em condições normais, o Nanggala 402 tem capacidade para ficar até 50 dias submerso
Em condições normais, o Nanggala 402 tem capacidade para ficar até 50 dias submerso Em condições normais, o Nanggala 402 tem capacidade para ficar até 50 dias submerso

As chances de um resgate bem-sucedido do submarino KRI Nanggala 402 são cada vez menores conforme o tempo passa. A embarcação da Indonésia está desaparecida desde a última quarta-feira (21), quando submergiu com 53 pessoas a bordo e perdeu contato durante exercícios militares.

Leia também: Indonésia encontra 'objeto flutuante' em busca por submarino

Centenas de membros de equipes de resgate, diversos navios e muita tecnologia estão treabalhando para localizar o submarino, mas achá-lo seria apenas a primeira e a menos complicada das etapas de uma operação para tentar recuperar a tripulação com vida.

Segundo as estimativas do governo indonésio, o veículo desapareceu cerca de 100 quilômetros ao norte da costa de Bali, em uma região onde o oceano pode chegar a 700 metros de profundidade. Ainda não se sabe as causas do acidente, nem se os tripulantes conseguiram se abrigar em partes do Nanggala 402 que lhes dariam mais chances de sobrevivência.

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Operação complicada

Para o engenheiro naval Miguel Buelta, professor-titular de Estruturas da Poli-USP, a falta de informações sobre o estado do submarino e da tripulação complica ainda mais as possibilidades de um resgate.

"Ainda não se sabe, por exemplo, se a tripulação teve tempo de ir para os compartimentos de segurança. O submarino tem alguns compartimentos chamados de anteparos, são paredes que resistem a pressão em profundidades grandes. Se o casco não entrou em colapso, a população pode estar lá dentro ainda", explica ele.

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O grande problema é a profundidade do terreno. O Nanggala 402 foi construído em 1978 pelo estaleiro alemão Howaldtswerke e foi projetado para ser operado na profundidade máxima de 250 metros. Com margem de segurança, ele pode descer a até 500 metros. Abaixo disso, a pressão da água pode se tornar forte demais para o casco. A 700 metros, a pressão é 70 vezes maior que no nível do mar.

"Além disso, diferentemente de um submarino nuclear, que renova o próprio oxigênio, esse é um submarino convencional a diesel, que precisa subir à superfície de tempos em tempos para coletar o ar, não só para a tripulação respirar, mas também para o motor fazer a combustão, encher os tanques de lastro", detalha o professor.

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Em condições normais, um submarino tipo 209 como o Nangalla e os 5 Tupis que fazem parte da Marinha brasileira tem uma autonomia de até 50 dias submerso.

A pressão também seria uma questão séria a ser considerada em um possível resgate dos tripulantes. "É uma situação muito complicada, não sei se tem como içar o submarino como um todo, com certeza só fariam isso com certeza de ter gente viva lá. Se trouxerem as pessoas por fora, teria toda questão da pressão, se você subir rápido demais de um ambiente com pressão alta, o corpo não aguenta", ressalta.

A profundidade e a dificuldade de recuperar o veículo do fundo do mar, além do alto custo que isso poderia acarretar, foram os fatores que fizeram a Argentina desistir de retirar do oceano o submarino ARA San Juan, que naufragou em 2017 com 44 pessoas a bordo.

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