Internacional Insegurança alimentar pode afetar 16 milhões de latino-americanos

Insegurança alimentar pode afetar 16 milhões de latino-americanos

Restrições de movimento e fronteiras fechadas por conta da pandemia afetaram trabalhadores que agora não conseguem sustentar famílias

Insegurança alimentar vai afetar até 16 milhões de pessoas na América Latina

Insegurança alimentar vai afetar até 16 milhões de pessoas na América Latina

Andres Martinez Casares/Reuters - 15.5.2019

Até 16 milhões de pessoas na América Latina podem sofrer de insegurança alimentar aguda - o estágio antes da fome - até o final deste ano, quase 12 milhões a mais do que o estimado antes da pandemia do novo coronavírus.

Este cálculo exclui a Venezuela, onde antes da pandemia tinha 9,3 milhões de pessoas com grave insegurança alimentar no país, além de 1,2 milhão de migrantes venezuelanos na Colômbia e Equador, segundo dados divulgados hoje pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA).

A agência, que atua como o maior braço humanitário das Nações Unidas, projeta em um novo estudo que 270 milhões de pessoas no mundo têm acesso difícil e restrito a alimentos básicos.

"Restrições sem precedentes à mobilidade, comércio e atividade econômica (como conseqüência das medidas para conter a pandemia) estão causando uma recessão global e fazendo explodir a fome", disse o porta-voz do PMA, Tomson Phiri, em Genebra.

A pandemia se tornou um golpe para uma situação alimentar dramática que só piorou por quatro anos.

Avanços que poderiam ter sido feitos em países específicos foram anulados pela covid-19, confirmou Phiri.

Aumento da pobreza no continente

As dificuldades para se alimentar adequadamente vão acompanhar o aumento da pobreza extrema no mundo e na América Latina.

O aumento da insegurança alimentar na América Latina terá como principais causas a perda de renda de milhões de famílias e a queda nas remessas que recebem de parentes que trabalharam no exterior.

O estudo, do qual colaborou a Organização Internacional para as Migrações (OIM), indica que há onze milhões de trabalhadores migrantes na América Latina e no Caribe, e que três em cada quatro vêm de outras partes da região. A maior parte deles são venezuelanos.

A situação dos migrantes é ilustrada pelos seguintes dados: aqueles que comeram apenas uma vez no dia anterior à entrevista para o estudo aumentaram de 12% antes da pandemia para 30% em agosto passado.

Na América Central, os pequenos agricultores que não se recuperaram da seca e do mau tempo para suas lavouras têm muito pouca capacidade de resistência às dificuldades que o coronavírus trouxe para suas vidas.

As restrições ao movimento e o quase desaparecimento do turismo tiveram um forte impacto na Nicarágua, Honduras, Guatemala e El Salvador, onde centenas de milhares de famílias sofreram uma redução nas remessas recebidas.

Dependência de parentes que trabalham no exterior

Dos que participaram do estudo, 78% dos lares com parente que trabalhava em outro país receberam algum dinheiro de fora, e para 40% dessas famílias, essa era a única fonte de renda.

A diminuição das transferências de dinheiro já é uma realidade, mas acredita-se que esta situação se agravará no final de 2020, embora tudo indique que o mais difícil será vivido em 2021, quando as remessas poderão ser reduzidas em 8,1%, segundo cálculos citado no estudo.

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