O presidente do Irã, Hassan Rohani, acusou os Estados Unidos de usar o novo coronavírus como "uma arma" para propagar o medo em seu país e interromper a atividade econômica iraniana, após pelo menos 19 mortes pela doença. "O coronavírus não deve se tornar uma arma para nossos inimigos pararem o trabalho e a produção no nosso país", disse o presidente nesta quarta-feira (26), durante uma reunião do Conselho de Ministros. Rohani afirmou que os EUA iniciaram uma "conspiração" para espalhar "um tremendo medo" entre a população iraniana, algo que — sublinhou — não será permitido. Esta foi sua resposta às declarações feitas ontem pelo secretário de Estados dos EUA, Mike Pompeo, que acusou o Irã de "ocultar a verdade" sobre a gravidade da propagação da doença e advertiu que "esta censura pode ter consequências mortais". Há dúvidas de que os números das autoridades iranianas (19 mortos em 139 infectados) sejam confiáveis. Há dois dias, um deputado da cidade de Qom, epicentro da doença no Irã, disse que na região havia pelo menos 50 mortos pelo Covid-19. O fato de ontem Iraj Harirchi, vice-ministro da Saúde, ter informado que está infectado em um vídeo, não ajudou a dissipar o medo. Para tranquilizar os cidadãos, o presidente disse que nas últimas semanas "muitos esforços foram feitos no país em prevenção, diagnóstico, quarentena e tratamento". "Os cidadãos não devem prestar atenção aos boatos", disse Rohani, defendendo a confiabilidade dos dados oficiais e garantindo que os relatórios apresentados ontem pelo Ministério da Saúde "eram promissores". Em seu discurso, o presidente também enfatizou que os dispositivos para diagnosticar o coronavírus estão sendo importados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que esses também estão sendo produzidos internamente por especialistas locais. "Em geral, vemos uma diminuição no encaminhamento para o hospital e progresso no tratamento", afirmou Rohani, negando também os rumores de uma cidade estar em quarentena. "Não colocamos em quarentena um bairro ou cidade. Apenas os indivíduos que apresentam sintomas são colocados em quarentena", acrescentou.
