Irã descumprirá acordo nuclear apesar dos avanços em Viena
Vice-ministro das Relações Exteriores iraniano afirmou que não acredita que o progresso seja considerado suficiente para deter processo do país
Internacional|Da EFE
O Irã assegurou nesta sexta-feira (28) que, por enquanto, mantém sua postura de descumprir progressivamente suas obrigações com o acordo nuclear de 2015, embora tenha ressaltado que o resultado "positivo" da reunião realizada em Viena poderia ser levado em conta na hora de mudar essa estratégia.
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"Não acredito que o progresso que alcançamos hoje seja considerado suficiente para deter nosso processo, mas a decisão não é minha", declarou à imprensa o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano e negociador nuclear, Abbas Araqchi, ao término da reunião.
Anteriormente, Fu Cong, diretor político de controle de armas do Ministério das Relações Exteriores da China, tinha afirmado que "estamos muito felizes de ouvir que o Irã se mantém no acordo".
Representantes de cinco potências (Rússia, China, França, Alemanha, Reino Unido e Alemanha) se reuniram hoje com o Irã para encontrar vias para salvar o acordo, do qual os Estados Unidos se retiraram no ano passado para impor novas sanções, sobretudo petrolíferas, contra a República Islâmica.
O Irã anunciou em maio que deixará de cumprir alguns aspectos do acordo, como a quantidade máxima permitida de urânio pouco enriquecido (300 quilos).
Os próprios iranianos assinalaram que se encontram a poucos quilos de superar esse patamar, o que em todo caso deverá ser confirmado oficialmente pelos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo o acordo de 2015, o Irã deve limitar seu programa nuclear para não poder desenvolver uma bomba atômica, em troca de alívios econômicos e comerciais, que agora estão em interdição pelas sanções americanas.
Em um claro sinal de que na reunião de hoje houve certos avanços, Araqchi anunciou um novo encontro, em nível de ministros, "para as próximas semanas".
De forma geral, o negociador iraniano reconheceu que o encontro de hoje foi "mais positivo que reuniões anteriores" e que houve "avanços".
No entanto, reforçou que seguem "sem serem cumpridas as expectativas do Irã", sobretudo no que se refere à venda de petróleo, o principal setor afetado pelas sanções dos EUA.
"A decisão de reduzir nossos compromissos já foi tomada no Irã e continuamos com esse processo, a menos que se cumpram as nossas expectativas", destacou o representante iraniano.
Com uma calculada ambiguidade, Araqchi ressaltou, no entanto, que ainda deve informar seu governo em Teerã, que será quem decidirá "como continuar".
Araqchi e Cong confirmaram, por outra parte, que a União Europeia (UE) deu hoje mais detalhes sobre o Apoio à Troca Comercial (Instex, na sigla em inglês), mecanismo projetado para contornar as sanções econômicas e manter relações comerciais com o Irã.
Esse instrumento financeiro, segundo disse o negociador iraniano, já está operacional, mais países europeus têm se somado e a UE está disposta a abri-lo a terceiras nações.
"Para que o Instex seja útil para o Irã, os europeus devem comprar petróleo ou considerar uma linha de crédito para este mecanismo, caso contrário, não é o que esperávamos", comentou.