Irã exige que Reino Unido deixe de ser 'cúmplice' das sanções dos EUA
Petroleiro britânico foi retido na sexta-feira (19) no estreito de Ormuz com 23 tripulantes a bordo e se encontra agora no porto iraniano de Bandar Abbas
Internacional|Da EFE
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, exigiu neste sábado (20) que o Reino Unido deixe de ser "cúmplice" das sanções dos Estados Unidos contra seu país, um dia depois de a Guarda Revolucionária ter capturado um petroleiro britânico.
"O Reino Unido deve deixar de ser cúmplice do terrorismo econômico dos EUA", escreveu Zarif no Twitter, em alusão às sanções impostas por Washington ao Irã após se retirar do acordo nuclear de 2015.
O petroleiro britânico Stena Impero foi retido ontem no estreito de Ormuz com 23 tripulantes a bordo e se encontra agora no porto iraniano de Bandar Abbas, enquanto é feita uma investigação.
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A Organização de Portos e Navegação da província iraniana de Hormozgan informou hoje que a embarcação foi capturada por colidir com um barco pesqueiro e não responder às advertências, enquanto a Guarda Revolucionária indicou que tinha descumprido as normas de navegação.
A respeito, o chefe da diplomacia insistiu que o Irã garante a segurança no golfo Pérsico e defende as normas de navegação.
"Ao contrário da pirataria no estreito de Gibraltar, nossa ação no golfo Pérsico é defender as normas marítimas internacionais", ressaltou.
Ao falar em pirataria, Zarif se referia à retenção há duas semanas em Gibraltar do petroleiro Grace 1, capturado pela marinha britânica com a suspeita de que transportava petróleo à Síria, país sujeito a sanções da Uniao Europeia (UE).
As autoridades iranianas negaram que a embarcação se dirigia à Síria e consideram que sua retenção se deveu às pressões dos EUA.
De fato, vários responsáveis iranianos reconheceram hoje que a captura do Stena Impero é um ato de represália pela retenção em Gibraltar do Grace 1.
O secretário do poderoso Conselho de Discernimento do Irã, Mohsen Rezaee, afirmou que as autoridades não hesitarão na hora de "tomar medidas de represália", inclusive "contra a rainha" da Inglaterra.
Na mesma linha, o porta-voz do Conselho de Guardiões, Abasali Kadjodai, disse que "a regra da represália é um conceito reconhecido no direito internacional usado diante de medidas ilegais de outro país".
Por isso, considerou que a captura do Stena Impero é "correta" para fazer frente a "uma guerra econômica ilegal e à apreensão de petroleiros", em referência às sanções americanas contra o Irã e à detenção do Grace 1 em Gibraltar.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, advertiu ontem que pode haver "graves consequências" se a situação não se resolver em breve, embora que não esteja considerando opções militares.