Israel alerta que bombardeios em Gaza podem durar uma semana
Exército do Estado hebreu alega que ataques são direcionados para locais de fabricação de armas da Jihad Islâmica
Internacional|Do R7
Israel advertiu neste sábado (6) que os bombardeios contra a organização Jihad Islâmica na Faixa de Gaza podem durar uma semana, no segundo dia da escalada mais grave de violência no território palestino desde a guerra de maio do ano passado.
O Exército "se prepara atualmente para uma operação de uma semana", afirmou um porta-voz militar. "Atualmente não há negociações para um cessar-fogo", acrescentou.
O Exército de Israel bombardeia o território desde esta sexta-feira (5) e alega que os ataques são direcionados para locais de fabricação de armas da Jihad Islâmica, um grupo alinhado ao movimento Hamas, que governa a região mas geralmente atua de forma independente.
Os ataques mataram na sexta-feira Tayseer al Jabari "Abu Mahmud", um dos principais líderes da organização, que está na lista de grupos terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia.
Em represália, o braço armado da Jihad Islâmica lançou mais de cem foguetes contra Israel, afirmando que era uma "resposta inicial".
O sábado foi marcado por novos bombardeios e disparos de foguetes, que até o momento não deixaram vítimas do lado israelense.
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As autoridades de Gaza anunciaram um balanço de 15 mortos nos bombardeios, inclusive Abu Mahmud e uma menina de 5 anos, e mais de 120 feridos.
Durante a noite, as forças israelenses prenderam 19 membros da Jihad Islâmica na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.
Ao mesmo tempo, a única central de energia elétrica da Faixa de Gaza foi obrigada a fechar por falta de combustível, devido ao bloqueio das entradas do território por parte de Israel desde a última terça-feira (2).
A empresa de energia elétrica afirmou que o cenário "agravará a situação humanitária" no território de 362 quilômetros quadrados, em que moram 2,3 milhões de pessoas, com níveis elevados de desemprego e pobreza.
Temor de escalada
A ofensiva israelense acontece após a detenção, na segunda-feira, de dois líderes da Jihad Islâmica. Um deles, Basem Saadi, é acusado por Israel de planejar atentados recentes.
Por temer represálias, o Estado hebreu fechou as passagens com o território palestino para o tráfego de mercadorias e pessoas na terça-feira.
A ofensiva gerou temores de uma escalada. Mas Jamal al Fadi, professor de ciências políticas na Universidade Al Azhar de Gaza, acredita que a violência terminará "em alguns dias".
"A Jihad Islâmica está reagindo de forma limitada e com isso impede que a ocupação [israelense] intensifique os ataques aéreos", declarou à AFP.
Na manhã de sábado, Gaza parecia uma cidade fantasma, com ruas vazias e lojas fechadas.
Este é o confronto mais grave entre Israel e as organizações armadas em Gaza desde a guerra de 11 dias de maio de 2021, que deixou 260 mortos no lado palestino, incluindo combatentes, e 14 mortos em Israel, um deles soldado.
O Egito, mediador histórico entre o Estado hebreu e os grupos armados em Gaza, informou que poderia receber uma delegação da Jihad Islâmica.
Mas o grupo armado palestino descartou a possibilidade de cessar-fogo. A organização acusa Israel de ter "iniciado uma guerra".
Ameaça
"Israel iniciou uma operação antiterrorista precisa contra uma ameaça imediata", afirmou o primeiro-ministro do país, Yair Lapid.
Ele acusa o grupo armado de ser "um representante do Irã que busca destruir o Estado de Israel e matar israelenses inocentes".
A Guarda Revolucionária, o Exército ideológico do Irã, reafirmou o apoio aos palestinos e insistiu que Israel "pagará um preço elevado pelo crime recente".
A Liga Árabe criticou a "feroz agressão israelense", enquanto a União Europeia e a Rússia pediram "moderação" diante da escalada de violência.
Em 2019, a morte de um comandante da Jihad Islâmica em uma operação israelense provocou tiroteios fatais entre o grupo armado e Israel que duraram vários dias.
O Hamas, que enfrentou Israel em quatro guerras desde que tomou o poder no território, em 2007, permanece à margem dos confrontos.
Mas a decisão que tomar agora será crucial, pois o grupo enfrenta pressões para melhorar as condições econômicas do território, bloqueado desde que o Hamas assumiu sua administração.