O Hezbollah, que atua no Líbano, lançou um míssil novo e poderoso em território israelense no sábado (4), após o Exército de Israel bombardear duas células terroristas e um posto de observação da organização extremista. O ataque de Israel ao Hezbollah foi uma resposta a tentativas de disparo dados do Líbano em direção ao Estado judeu. A intensificação dos confrontos entre as partes ocorre dias depois de o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, quebrar o silêncio sobre a guerra.
Na sexta-feira (3), em discurso de cerca de duas horas, que reuniu milhares de pessoas na capital Beirute, Nasrallah elogiou as ações militares do grupo na fronteira entre Israel e Líbano e se vangloriou do fato de ter desviado os esforços do Exército israelense da guerra contra o Hamas. Em sua declaração mais preocupante, ele afirmou que "todas as opções estão postas" e que o Hezbollah pode "adotá-las a qualquer momento".
"Alguns afirmam que o Hezbollah está prestes a entrar na briga. Eu digo: estamos envolvidos nessa batalha desde 8 de outubro", disse. "Alguns gostariam que o Hezbollah se envolvesse em uma guerra total. Mas eu posso dizer que o que está acontecendo agora ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano é significativo, e não é o fim."
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O Hezbollah e o Líbano já estiveram em guerra uma vez, em 2006, e as consequências foram catastróficas. Em julho daquele ano, o grupo terrorista capturou combatentes israelenses na fronteira, o que desencadeou uma resposta militar massiva de Israel. O conflito durou 34 dias e resultou na morte de mais de 1.100 cidadãos libaneses e 165 israelenses.
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Nenhum dos lados ganhou a guerra de forma conclusiva, mas os civis libaneses claramente foram os perdedores. Israel destruiu ou danificou cerca de 30 mil casas, 109 pontes e 78 instalações médicas, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Hoje, 17 anos depois da guerra, o Hezbollah melhorou significativamente sua capacidade militar, mas isso não quer dizer que o grupo esteja apto para uma guerra.
Qual o poderio militar do Hezbollah?
De acordo com professor Nicholas Blanford, especialista em Hezbollah, do Atlantic Council, em entrevista à emissora Al Jazeera, o Hezbollah tem atualmente pelo menos 60 mil combatentes, incluindo combatentes em tempo integral e reservistas. O grupo também aumentou o seu arsenal de mísseis de 14 mil em 2006 para cerca de 150 mil agora.
Blanford afirmou que, além dos mísseis de curto alcance, o Hezbollah dispõe de mísseis iranianos guiados com precisão que têm um alcance de 300 km. Ele acrescentou que a unidade de "forças especiais" do grupo também está treinada para se infiltrar em Israel em caso de guerra.
Randa Slim, diretora do Programa de Conflitos e Resoluções do Instituto do Médio Oriente, também disse à Al Jazeera que a guerra na Síria — onde o Hezbollah interveio ao lado do presidente Bashar al-Assad — permitiu ao grupo melhorar a sua capacidade de combate. Para ela, o grupo adquiriu "novas competências em termos de guerra urbana e inteligência". Seus sistemas de inteligência também "melhoraram muito".