Itália não permite entrada de 2 navios com 100 migrantes
Em uma delas, 41 pessoas se amontoam em um espaço que comportaria 18. Eles podem desembarcar em Malta, mas falta estrutura para seguir
Internacional|Da EFE
A Itália não permitiu a entrada no porto da ilha de Lampedusa de um navio da ONG alemã Sea-Eye, com 65 migrantes, e de uma embarcação da organização italiana Mediterranea, um pequeno veleiro no qual se amontoam 41 resgatados há três dias.
O Ministério do Interior da Itália informou que uma embarcação da Guarda de Finança (polícia de fronteira) notificou o comandante do navio da Sea-Eye sobre "a proibição de acesso, trânsito e atracação em águas territoriais italianas".
O barco da ONG alemã salvou na sexta-feira 65 migrantes em águas internacionais ao norte da Líbia e depois seguiu rumo a Lampedusa por considerar a ilha o porto seguro mais próximo.
Outros 41 migrantes esperam para desembarcar do veleiro da ONG italiana Mediterranea, uma embarcação de pequenas dimensões e sem instalações suficientes para tantas pessoas, em cujo convés permanecem amontoados sob o sol.
O caso desta embarcação se transformou em um impasse entre a organização humanitária e os governos da Itália e de Malta, já que tem a permissão de desembarcar os migrantes no porto da Valeta.
A Mediterranea considera "insensato" ter que viajar com 41 pessoas a bordo além da tripulação - o barco tem capacidade para 18 - até Malta, a mais de 140 quilômetros de distância, e não poder chegar a Lampedusa, a apenas 20 quilômetros.
Por isso a organização afirma que será "impossível" chegar a Malta se não transferir primeiro os migrantes a embarcações militares maltesas ou italianas, operação para a qual "estão preparados".
Enquanto se resolve a sua situação, a Itália enviou ao barco da Mediterranea alguns mantimentos como comida, produtos de higiene e quase 200 cobertores.
Além disso, a Itália confirmou sua disponibilidade para escoltar o veleiro com navios militares até Valeta e transferir os migrantes a embarcações mais seguras em troca de o barco da ONG entrar no porto e se submeter aos controles das autoridades.
O Ministério do Interior da Itália afirmou que a Mediterranea recusou esta possibilidade e o considera uma "exigência de impunidade", ou seja, que suspeitam que a ONG não quer levar a Malta os migrantes por temer que o veleiro seja confiscado.