O primeiro mês deste ano foi o janeiro mais quente já registrado no mundo, de acordo com dados divulgados pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, nesta quinta-feira (6).Este é o 18º mês consecutivo em que um recorde de calor é atingido, evidenciando uma tendência de aquecimento global sem trégua.A temperatura global no período ficou 1,75ºC acima da média registrada no final do século XIX, antes do aquecimento causado por atividades humanas. O resultado surpreendeu especialistas, já que o planeta está em transição para o fenômeno La Niña, que tende a resfriar as águas do oceano Pacífico e, consequentemente, reduzir as temperaturas globais. Em contraste, o El Niño, que predominou em 2024, contribuiu para que o ano passado fosse o mais quente já registrado. Mesmo sem a influência direta do fenômeno neste ano, as temperaturas continuaram em patamares elevados.“O fato de ainda estarmos vendo temperaturas recordes fora da influência do El Niño é um pouco surpreendente”, disse Samantha Burgess, líder estratégica do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, à emissora norte-americana CNN.Os cientistas avaliam que o La Niña ainda não se desenvolveu completamente e que o mundo está atualmente em condições climáticas neutras. Mesmo que o fenômeno se estabeleça integralmente, eles alertam que o impacto de resfriamento pode não ser suficiente para frear o aquecimento global. Isso ocorre devido a fatores como as temperaturas excepcionalmente altas registradas em outras regiões oceânicas e, principalmente, às emissões de gases do efeito estufa.O aumento da concentração de dióxido de carbono e outros poluentes provenientes da queima de combustíveis fósseis é apontado como o principal fator para o aquecimento do planeta. A superação da marca de 1,6ºC de aquecimento médio global em 2024 já havia acendido um alerta entre cientistas, porque esse limiar representa um limite perigoso para impactos climáticos extremos.“De longe, o maior fator que contribui para o aquecimento do clima é a queima de combustíveis fósseis”, enfatizou Burgess.Os especialistas ressaltam que a sucessão de recordes de temperatura nos últimos anos indica que o planeta está se aquecendo de maneira acelerada, tornando cada vez mais urgente a necessidade de redução das emissões de gases do efeito estufa e a adoção de medidas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.