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Jornalista é morto no Paraguai, perto da fronteira com o Brasil

Humberto Andrés Coronel Godoy estava saindo da rádio na qual trabalhava quando foi baleado, em Pedro Juan Caballero

Internacional|Do R7

Humberto Andrés Coronel Godoy, de 33 anos, já havia sido ameaçado de morte
Humberto Andrés Coronel Godoy, de 33 anos, já havia sido ameaçado de morte

Um jornalista foi morto nesta terça-feira (6) por disparos efetuados por dois indivíduos não identificados que passaram em uma motocicleta em frente à emissora de rádio em que ele trabalhava na cidade de Pedro Juan Caballero, 550 km a nordeste de Assunção, perto da fronteira com o Brasil.

O jornalista Humberto Andrés Coronel Godoy, de 33 anos, que vinha sofrendo ameças de morte, foi atacado quando se preparava para entrar em um carro, ao sair da emissora de rádio Amambay 570 AM, pouco depois do meio-dia, informou a polícia.

Coronel tinha denunciado semanas atrás ter recebido ameaças de morte em um bilhete em português, jogado no quintal da casa de outro colega. O bilhete, que a imprensa repercutiu, dizia que o jornalista morto sabia demais e pedia que esquecesse as coisas que ele sabia ou seria eliminado.

Naquele momento, o jornalista disse desconhecer a origem das ameaças.


O veículo para o qual trabalhava é de propriedade da família do ex-prefeito de Pedro Juan Caballero, José Carlos Acevedo, morto a tiros em 21 de maio passado também em uma rua do centro da cidade.

O delegado Nery Portillo, que trabalha no departamento de Amambay, explicou que as ameaças contra o jornalista datam de junho. "Disseram que se calasse e parasse de investigar uns fatos", relatou.


A Polícia ofereceu-lhe proteção, mas ele não aceitou, acrescentou o delegado.

Protesto do sindicato dos jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas do Paraguai (SPP, na sigla em espanhol) convocou uma manifestação para esta quarta-feira (7) em frente ao ministério do Interior para repudiar o crime e exigir justiça e segurança.


Em nota, o SPP responsabilizou "a inação do Estado em uma das regiões onde ocorreram mais ataques mortais nas últimas décadas contra jornalistas".

O sindicato destacou que o jornalista estava sob ameaça desde junho e que, apesar de tudo, foi morto em plena luz do dia "sem nenhuma medida de proteção a seu favor".

"A Polícia Nacional é responsável direta pela falta de proteção a colegas que têm sido vítimas de ameaças. Outros trabalhadores de imprensa de Pedro Juan Caballero continuam sem contar com a custódia adequada por parte da Polícia", prosseguiu o comunicado.

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Em 2016, indivíduos não identificados lançaram duas granadas de mão contra o prédio da emissora que não chegaram a explodir, lembrou o Sindicato de Jornalistas, que pediu punição aos culpados.

"Exigimos uma investigação célere, exaustiva, imparcial sobre o assassinato de Humberto Coronel e de todos os jornalistas assassinados", reforçou.

Trânsito de drogas para o Brasil

A cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero é separada por uma avenida da sul-matogrossense Ponta Porã. A cidade binacional é considerada local de trânsito de maconha e cocaína procedentes da Bolívia com destino às cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Desde 1991 foram mortos no Paraguai 12 jornalistas, a maioria pertencentes a veículos de Pedro Juan Caballero e de regiões do interior brasileiro fronteiriças com o Brasil, onde proliferam o tráfico de drogas e o contrabando, observou o sindicato de jornalistas.

"Esta é a proteção que as autoridades nos dão. Estamos à mercê dos delinquentes", protestou o ex-governador do departamento de Amambay Ronald Acevedo, irmão do prefeito morto em maio passado.

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