Chefe da realeza espanhola é investigado por outros dois crimes de corrupção
Francois Lenoir/Reuters - 4.5.2019A Procuradoria do Tribunal Supremo da Espanha decidiu abrir uma nova investigação sobre o rei emérito do país, Juan Carlos I, por suposta lavagem de dinheiro, após receber um relatório do órgão público encarregado de supervisionar e prevenir este tipo de crime que envolve o monarca.
A abertura do processo, que ainda está em seu estágio inicial, foi anunciada nesta sexta-feira (6) pela procuradora-geral da Espanha, Dolores Delgado, e pelo chefe da Procuradoria Anticorrupção, Alejandro Luzon.
Há alguns dias, a Procuradoria do Tribunal Supremo recebeu um relatório do Serviço Executivo da Comissão de Prevenção de Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros (Sepblac) com citações a Juan Carlos, segundo os dois procuradores, que não deram mais detalhes sobre o caso.
Além desta nova investigação, o rei emérito – e pai do atual monarca, Felipe VI – é alvo de outras duas. Uma é sobre uma conta na Suíça atribuída a ele e que teria ligação com uma suposta cobrança de comissões pelas obras de implantação de um sistema de trens de alta velocidade na Arábia Saudita. A mais recente é relacionada ao uso irregular de cartões com outro titular.
A primeira, que está em estágio mais avançado, tenta esclarecer as operações na Suíça de uma fundação ligada ao rei emérito, que supostamente tinha no país uma conta na qual teria recebido uma doação do então rei da Arábia Saudita de cerca de US$ 100 milhões. Deste total, Juan Carlos teria transferido para sua suposta ex-amante Corinna Larsen cerca de US$ 76 milhões.
Na última terça-feira (3), o portal espanhol Eldiario.es noticiou que a Procuradoria Anticorrupção está investigando Juan Carlos, sua esposa, a rainha Sofia, e vários de seus familiares pelo uso de cartões cujos recursos são procedentes de outros países e são ligados a uma conta na qual nenhum deles aparece como titular entre 2016 e 2018.
Juan Carlos abdicou em junho de 2014 em favor de seu filho, Felipe VI, e a partir daquele momento perdeu a inviolabilidade que a Constituição lhe previa como chefe de Estado.
O rei emérito anunciou em agosto que estava se mudando para fora da Espanha, após meses de deterioração de sua imagem devido a uma onda de informações negativas sobre possíveis negócios obscuros nos quais ele estaria envolvido. Dias depois, a Casa Real espanhola informou que ele estava nos Emirados Árabes Unidos.