Justiça argentina confirma que Nisman foi assassinado
Os magistrados disseram que o homicídio é uma "consequência direta" da denúncia contra a então presidente e hoje senadora Cristina Kirchner
Internacional|Da Ansa Brasil
A Justiça Argentina determinou nesta sexta-feira (1) que o promotor Alberto Nisman, encontrado morto em janeiro de 2015, foi assassinado.
Os magistrados da Câmara Criminal Federal disseram que o homicídio é uma "consequência direta" da denúncia na qual ele acusava a então presidente e hoje senadora Cristina Kirchner e seu governo de terem acobertado o papel do Irã no atentado contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em julho de 1994, que fez 85 vítimas.
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Além disso, o tribunal também manteve a acusação contra Diego Lagomarsino por participação no assassinato de Nisman e abriu processo contra quatro agentes da polícia encarregados da escolta do promotor. Lagomarsino era assistente informático de Nisman e fornecera a ele a pistola que foi encontrada ao lado de seu corpo.
Com isso, a Justiça também descarta a tese de suicídio. O promotor foi encontrado morto em sua casa, com um tiro na cabeça, e desde então a Argentina se divide entre aqueles que acreditam em assassinato e os que apostam em suicídio.
Em 19 de janeiro de 2015, um dia após sua morte, ele deveria se apresentar a uma comissão legislativa para denunciar Cristina por acobertar o papel do Irã no atentado contra a Amia. O "caso Nisman" passou por inúmeras reviravoltas ao longo dos últimos três anos.
Em dezembro de 2016, a Câmara Federal de Cassação Penal ordenou o prosseguimento da investigação por acobertamento e traição à pátria contra Cristina. O processo caiu nas mãos do juiz Claudio Bonadío, a quem o mesmo Nisman já havia acusado de encobrir os supostos responsáveis pelo atentado à Amia, em 2009.
Em setembro de 2017, peritos afirmaram que o promotor tinha sido assassinado, e, em dezembro, Bonadío pediu a prisão preventiva da ex-presidente no "caso Amia". Cristina escapou da cadeia porque, como senadora, tem foro privilegiado. A Câmara Federal ratificou o processo contra a ex-mandatária por acobertamento, mas retirou a acusação de traição à pátria.