Justiça peruana investiga escritórios e clínicas por 'Vacinagate'
Autoridades buscam informações sobre a vacinação irregular de 487 pessoas, entre elas o ex-presidente Martín Vizcarra
Internacional|Da AFP
Procuradores e policiais peruanos fizeram batidas nesta sexta-feira (19) em escritórios do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional da Saúde e da Direção Geral de Medicamentos e também duas em clínicas das universidades Cayetano Heredia e San Marcos como parte das investigações pela vacinação antecipada irregularmente contra a covid-19.
"Promotoria Especializada em Corrupção de Funcionários Lima Norte iniciou diligências preliminares contra os responsáveis dos supostos crimes contra a administração pública pelo uso das vacinas do laboratório", manifestou-se o Ministério Público pelo Twitter.
As autoridades disseram que 122 funcionários públicos constam da lista do escândalo "Vacinagate", incluindo o ex-presidente Martín Vizcarra e duas ministras.
Os 487 receberam algumas das 3.200 doses extras que o grupo farmacêutico chinês Sinopharm entregou para o pessoal encarregado do ensaio da vacina, que compreendia 12.000 voluntários peruanos.
"A maioria das vacinações ocorreu entre setembro e outubro", durante o governo de Vizcarra, disse na quinta-feira o presidente interino peruano, Francisco Sagasti.
Isto significaria que a maioria se imunizou antes de a vacina de a Sinopharm ter recebido luz verde no Peru em 31 de dezembro.
A chanceler Elizabeth Astete e a ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, se vacinaram em janeiro, segundo o governo, mas antes do início oficial da campanha de imunização, em 9 de fevereiro. Ambas renunciaram.
O chefe do ensaio clínico no Peru, o médico Germán Málaga, testemunhou nesta terça-feira ante o Congresso, mas não conseguiu dissipar as dúvidas sobre o critério que usou para autorizar a imunização das 487 pessoas, entre as quais há uma dezena de empresários e seus familiares.
O país, com 33 milhões de habitantes, registra 44.489 óbitos pela covid-19 e 1,26 milhão de casos confirmados.
Até esta sexta-feira, tinham sido vacinados 133.000 trabalhadores de saúde peruanos, segundo dados oficiais.