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Kanye West diz que ganhou uma ilha no Haiti, mas governo nega

As declarações do artista causaram um alvoroço nas ruas de Porto Príncipe; o Ministério das Relações Exteriores do país negou a afirmação

Internacional|Da EFE

Kanye West visitou o Haiti e se encontrou com o presidente Jovenel Moïse
Kanye West visitou o Haiti e se encontrou com o presidente Jovenel Moïse

O rapper americano Kanye West causou uma polêmica nesta terça-feira (27), no Haiti, ao declarar que o presidente do país, Jovenel Moïse, o presenteou com uma ilha para desenvolver um projeto turístico.

As declarações do artista a uma estação de rádio causaram um alvoroço nas ruas de Porto Príncipe e até mesmo provocaram uma negação categórica por parte do Ministério das Relações Exteriores.

O marido de Kim Kardashian garantiu que o presidente do Haiti prometeu dar a ele e ao investidor Shervin Pishevar a ilha Tortuga, durante uma visita que o rapper fez à região em setembro, na companhia do chefe de Estado haitiano.

"O presidente do Haiti nos deu uma ilha para desenvolver uma cidade do futuro", disse West.


As declarações do rapper receberam hoje uma resposta do Ministério das Relações Exteriores, que, em comunicado, ressaltou que o presidente "não está inclinado à ideia absurda de vender o território nacional".

Entretanto, a pasta esclareceu que isto não impede que as portas fiquem abertas a qualquer investimento estrangeiro visando o desenvolvimento e o bem-estar da nação.


Por ocasião da visita de Kanye West no final de setembro, o presidente Moïse convidou empresários negros a investirem no país.

O próprio rapper reforçou suas palavras nesta terça-feira, esclarecendo através de redes sociais que está "comprometido" com o governo do Haiti a fazer "um investimento transformador", com o qual pretende "trazer empregos, desenvolvimento, ajudar a apoiar os agricultores e pescadores locais e construir uma nova cidade do futuro em um país muito bonito".


Contrato de quase 100 anos

No entanto, os planos de investimento de West podem ser frustrados, pois, em 1970, o ditador François Duvalier, mais conhecido como 'Papa Doc', assinou um contrato de concessão dos direitos de exploração da ilha Tortuga à empresa americana Dupont Caribbean por 99 anos.

Essa empresa, então liderada pelo empresário Don Pierson, nunca desenvolveu nenhum investimento na ilha, uma das áreas mais pobres do Haiti. Em outras ocasiões, este contrato quase centenário já foi um motivo para frustrar outros planos de investimento.

O caso mais conhecido é o acordo assinado em 2014 entre a empresa de cruzeiros Carnival e o governo haitiano para a construção de um porto de US$ 70 milhões, mas a empresa americana acabou abandonando esses planos um ano depois.

Muito antes desses litígios, a ilha Tortuga, localizada cerca de seis milhas náuticas ao norte do continente haitiano, era conhecida apenas como um refúgio para piratas e corsários durante a época colonial e como um ponto de partida para barcos de migrantes com destino aos Estados Unidos.

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