Lavrov alega à ONU que objetivo russo é 'desnazificar Ucrânia'
Discurso foi boicotado por parte das delegações ocidentais presentes no encontro do Conselho de Direitos Humanos
Internacional|Do R7
O objetivo da Rússia com aquilo que define como uma "operação especial" na Ucrânia desde o último 24 é "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, disse nesta terça-feira (1º) o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Lavrov também acusou Kiev de oito anos de violações das liberdades fundamentais da população de língua russa na Ucrânia.
A invasão russa "é particularmente relevante agora que a Ucrânia está sendo arrastada para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e está recebendo armas", declarou o ministro russo em uma mensagem de vídeo que foi boicotada por numerosas delegações ocidentais que deixaram a sala do Conselho durante o discurso.
"Os neonazistas tomaram o poder em 2014, e esta ocupação deve acabar", enfatizou Lavrov, acusando Kiev de impor um "regime de terror" que reprime o uso da língua russa em escolas ou locais de trabalho ou confisca a propriedade das igrejas ortodoxas.
O silêncio do Ocidente mostra os "padrões duplos dos Estados Unidos e seus aliados, que causaram milhares de vítimas em Iugoslávia, Líbia e Afeganistão", acrescentou, além de acusar Washington e aliados de "criar uma anti-Rússia" na Ucrânia.
Lavrov também criticou as sanções ocidentais contra Moscou por transcenderem a esfera financeira e econômica "e chegarem ao mundo de cultura, esporte, turismo e educação, um sinal de que o Ocidente perdeu claramente o controle".
"Seu desejo é impor seu ódio à Rússia", argumentou.
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Lavrov viajaria nesta terça-feira para Genebra, na Suíça, para participar do Conselho de Direitos Humanos e da Conferência sobre Desarmamento, mas teve que participar por videoconferência devido às restrições impostas por grande parte da Europa a voos procedentes da Rússia, como parte das sanções.
Lavrov defendeu o respeito da Rússia pelo povo ucraniano, por compartilharem "uma história comum e laços espirituais e culturais", mas acusou as autoridades atuais, entre outras coisas, de tentar espalhar mentiras sobre esses laços comuns.