Lavrov diz que sentimento é que Otan 'está em guerra com a Rússia'
Ministro das Relações Exteriores de Vladimir Putin afirmou que russos não se consideram em um confronto com a Aliança
Internacional|Do R7
A Rússia não se considera em guerra com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Ucrânia, mas a Aliança parece estar, disse nesta sexta-feira (29) o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em declarações à emissora saudita Al Arabiya.
"Não consideramos que estamos em estado de guerra com a Otan. Infelizmente, há um sentimento de que a Otan acredita que está em guerra com a Rússia", disse Lavrov, segundo entrevista reproduzida por agências de notícias locais.
Lavrov considerou que tal confronto seria um passo que aumentaria o risco de uma guerra nuclear.
O ministro atacou muitos líderes ocidentais, incluindo os dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Polônia, e também contra o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, por querer que a Rússia perdesse a guerra.
"Eles dizem abertamente que [o presidente russo Vladimir] Putin deve perder, que a Rússia deve ser derrotada. Quando alguém usa essa terminologia, acho que eles pensam que estão em guerra com aqueles que querem derrotar", disse.
Nesse sentido, advertiu que qualquer fornecimento de armas em território ucraniano é um "alvo legítimo" do Exército russo, já que as armas são entregues "a um regime que faz guerra contra seu povo".
Lavrov negou que Moscou esteja flertando com a ameaça nuclear quando, ele mesmo advertiu em uma recente entrevista, que tal opção "é séria, é real".
O chanceler russo afirmou que desde a posse do ex-presidente dos EUA Donald Trump, em 2017, o Kremlin pediu-lhe que apoiasse a tese de Reagan-Gorbachev de que "uma guerra nuclear não pode haver vencedores e, portanto, nunca deve ser travada".
E também acusou o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, de provocar o problema alegando que Kiev estava errado em desistir do arsenal nuclear após a queda da antiga União Soviética, em 1991, ao que a Polônia acrescentou mais tarde que está disposta a receber armas nucleares americanas em seu território.
"Nunca brincamos com conceitos tão perigosos. Nunca. Todos devemos nos juntar à declaração de que a guerra nuclear é inadmissível feita pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU", acrescentou.
O chanceler russo considerou que o Ocidente não é confiável quando se trata de assuntos estratégicos, da economia à esfera da tecnologia, razão pela qual a Rússia tentará ser "auto-suficiente".
Sobre a "operação militar especial" na Ucrânia, Lavrov ressaltou que o objetivo da Rússia é proteger os habitantes de língua russa do leste do país e garantir que não haja "nenhuma ameaça" a partir do território ucraniano a essa população e à da Rússia.
"Isso é tudo. A operação só terminará quando esses objetivos forem alcançados", enfatizou, negando que Moscou empregue mercenários sírios no país vizinho.
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Sobre as negociações com a Ucrânia, ele afirmou que a Rússia não se opõe que Kiev receba garantias de segurança, mas estas não devem dizer respeito nem a Donbass nem a anexada península da Crimeia.
Além disso, advertiu que a segurança da Moldávia não aumentará com a adesão à Otan.
O Exército russo reconheceu que o objetivo de sua atual intervenção militar na Ucrânia não se reduz simplesmente em "libertar" Donbass, mas abrir um corredor terrestre com a Crimeia e obter acesso à região separatista moldava da Transnístria, com uma maioria de língua russa.
Esses objetivos forçariam a Rússia a assumir o controle de quase todo o leste e sul da Ucrânia, deixando o país sem saída para o mar.