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Legado de Diana continua presente na monarquia britânica após 25 anos de sua morte

Ex-princesa de Gales marcou época na família real do Reino Unido e ditou a forma como monarcas ao redor do mundo se portam hoje

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Princesa Diana ao lados dos filhos William (à esq.) e Harry (centro)
Princesa Diana ao lados dos filhos William (à esq.) e Harry (centro)

A morte da princesa Diana, ex-esposa do príncipe Charles, completa 25 anos nesta quarta-feira (31). A plebeia morreu após um acidente de carro em Paris, na França, no qual também faleceram o namorado de Lady Di na época, Dodi Al-Fayed, e o motorista do casal, Henri Paul.

Apesar da morte precoce, aos 36 anos, Diana teve tempo suficiente para mudar a forma como os membros da família real britânica eram vistos pelo povo. Essa abordagem única da princesa também impressionava a imprensa, que sempre a colocou nas capas de revistas e tabloides.

De acordo com o professor de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo) Kai Enno Lehmann, William e Harry, filhos de Diana e Charles, são o reflexo da forma como a mãe lidou com a responsabilidade de representar a monarquia.

“Nós podemos observar um pouco do legado de Diana nos filhos dela, no sentido de William representar uma imagem moderna, uma vida que eu não diria normal, mas certamente mais próxima ao povo. E quando ele se manifesta publicamente, William tem falado muitas vezes sobre a importância de a família real, de a instituição, acompanhar os tempos”, conta Lehmann ao R7.


Harry, por sua vez, apesar de ter deixado a família real junto da esposa, Meghan Markle, mostra também traços da personalidade da mãe, na opinião do professor da USP, que morou durante anos na Inglaterra.

“O Harry fez muitas vezes o que a Diana fez. Ele se separou, de fato, da família real e parece que houve mesmo um colapso no relacionamento pessoal, e evidentemente isso é um sinal entre Harry e o irmão”, destaca Lehmann. “Nesse sentido, o legado da mãe está vivo nos dois filhos e de formas diferentes.”


Segundo a historiadora Astrid Beatriz Bodstein, além das fronteiras do Reino Unido e da Commonwealth — organização intergovernamental composta de 53 países-membros independentes, em maioria que faziam parte do Império Britânico —, Diana também impactou monarquias em outras partes do mundo.

“É preciso que se tenha uma parceria de igual para igual com o cônjuge real. Nem atrás, nem à frente, mas ao lado. Isso nós vemos nas várias princesas na Europa hoje. Todas elas, certamente, aprenderam com o legado de Diana”, explica Bodstein, criadora do perfil Royal and Protocol, criado para celebrar a família real.


Ainda de acordo com a historiadora, Diana cumpriu muito bem o papel como princesa e membro da família real e respeitou todos os protocolos da monarquia sem perder o brilho próprio.

“Acredito que o legado que Diana tenha deixado para as princesas seguintes tenha sido o legado do dever cumprido, ou seja, do cumprimento dos deveres reais, da observância do protocolo real, da preocupação com as questões humanitárias e sociais.”

Diana ultrapassou as barreiras da família real

Charles e Diana se separaram em 1992, mas oficialização saiu apenas em 1996
Charles e Diana se separaram em 1992, mas oficialização saiu apenas em 1996

Mesmo após ter se separado de Charles, em 1992, Diana permaneceu no imaginário inglês e na imprensa do Reino Unido. Os passos da então ex-princesa eram perseguidos de perto por fotógrafos e paparazzi, como os que Henri Paul tentou despistar no momento do acidente que levou à morte de Lady Di.

Esse protagonismo de Diana muitas vezes ofuscou Charles, que, em teoria, deveria ser o ator principal do casal, uma vez que o casamento dentro da monarquia faz com que o par plebeu tenha uma posição secundária ao público.

“Com o passar do tempo, Diana, com o brilho extraordinário, assume um protagonismo que, muitas vezes, ofuscou o príncipe Charles e gerou uma certa resistência por parte do sistema”, diz Bodstein.

Para Lehmann, a princesa conseguiu se destacar dentro da família real e, mesmo que não tenha se desassociado por completo da monarquia, levou consigo a credibilidade da instituição milenar.

“Diana se tornou, de fato, uma marca separada. Era uma marca registrada independentemente e respectivamente do status real dela. [...] Muitas vezes é dito que Diana conseguiu se tornar uma embaixadora própria, uma personalidade própria, uma marca própria, independente da família real”, explica Lehmann.

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Para o professor de relações internacionais da USP, Diana conseguia se aproximar do povo, diferente de Charles que, segundo o entrevistado, “é a definição da realeza, da classe alta inglesa”.

“Diana cultivava a imagem de ‘fora da família real’ de forma muito cuidadosa, que ela não era um deles, parte dessa classe, embora a família dela também tivesse raízes na classe nobre do Reino Unido. Ela era muito boa em se apresentar como uma pessoa de fora”, ressalta Lehmann.

Esse espaço que a princesa criou é o que faz a memória de Diana continuar viva até os dias de hoje.

“Diana foi um dos primeiros — se não o primeiro — membros de uma família real a visitar e tocar portadores do HIV e se deixar fotografar ao lado deles. [...] Elizabeth 2ª aprendeu com Diana que, como soberana, precisava estar junto ao povo no momento de dor”, conclui Bodstein.

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