Líbano escolhe general do exército após mais de dois anos sem presidente
Joseh Aoun, comandante militar desde 2017, assume o cargo deixado por Michel Aoun em outubro de 2022
Internacional|Do R7
Após mais de dois anos, o Líbano volta a ter um chefe de Estado. Joseph Aoun, comandante do exército libanês, foi eleito presidente do país nesta quinta-feira, 9. Ele obteve 99 dos 128 votos possíveis no segundo turno das eleições do parlamento, em Beirute, superando a maioria qualificada de dois terços necessária para a nomeação.
Aoun, de 61 anos, sucede Michel Aoun (os dois não têm parentesco), cujo mandato terminou em outubro de 2022. A eleição do novo presidente, apoiada por países como Estados Unidos e Arábia Saudita, é vista como um passo significativo para estabilizar o Líbano, que vive um momento crítico.
O Líbano enfrenta uma das crises econômicas mais graves da história e ainda busca se reconstruir dos danos causados pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah.
“Hoje, começa uma nova fase na história do Líbano”, disse Auon durante a posse. Ele se comprometeu a respeitar a trégua com Israel e a trabalhar para remover a “ocupação israelense” nas áreas de disputa entre os dois países.
Cenário político, Hezbollah e desafios
Durante seu comando no exército, ao qual chegou em 2017, Aoun se destacou por manter a neutralidade em meio às divisões políticas internas e por não ceder às pressões do Hezbollah, mesmo enquanto o grupo ampliava sua influência no país.
Inicialmente, o Hezbollah apoiava outro candidato, Suleiman Frangieh, líder de um pequeno partido cristão no norte do Líbano. Na quarta-feira, 8, no entanto, Frangieh anunciou sua saída da disputa e apoio à Aoun, o que abriu caminho para o comandante do exército.
Especialistas dizem que o enfraquecimento militar e político do Hezbollah após o conflito com Israel, somado à queda de seu aliado na Síria, Bashar al Assad, foi determinante para o desfecho da votação, que foi a 13ª tentativa do parlamento em 26 meses em eleger um novo presidente.
O Líbano opera sob um sistema político sectário, que divide o poder entre cristãos, muçulmanos sunitas e xiitas. O presidente, que deve ser sempre um cristão maronita, possui a prerrogativa de nomear o primeiro-ministro e o gabinete, funções cruciais em um país que ainda enfrenta os impactos de uma crise econômica que já dura seis anos.
Aoun teve uma carreira militar marcada por uma abordagem discreta e pragmática, mas nunca possuiu familiaridade com questões econômicas. Apesar disso, especialistas acreditam que o apoio de potências internacionais dará o respaldo necessário para que ele conduza reformas e promova a reconstrução do país.