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Liberdade de expressão e falta de rigidez em condenações incentivam onda de intolerância nos EUA, dizem especialistas

Manifestação contra negros, gays, judeus e homossexuais foi o estopim para uma crise de extremismo no país

Internacional|Do R7*

Ultranacionalistas em protesto realizado contra minorias em Charlottesville
Ultranacionalistas em protesto realizado contra minorias em Charlottesville

Os recentes atos de violência e manifestações de ódio contra judeus, gays, homossexuais e negros em Charlottesville, nos Estados Unidos, voltaram a chamar a atenção do mundo para o nível de intolerância que ainda existe no país. De acordo com especialistas ouvidos pelo R7, a liberdade de expressão extrema e a falta de rigidez na punição incentivam a demonstração pública desses tipos de preconceito.

Segundo o cientista político e diretor executivo do IBI (Instituto Brasil Israel), André Lajst, esses tipos de atos de violência acontecem com frequência nos Estados Unidos por causa do discurso de liberdade de expressão defendido no país.

— É uma liberdade de expressão que beira o absurdo e, por mais que você seja a favor, ela acaba por fazer com que você aumente o racismo. E esse racismo é perigoso porque gera violência. De nada adianta a liberdade de expressão se ela causa danos físicos.

Além disso, completa Heni Ozi Cukier, professor de relações internacionais da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a liberdade de expressão levada ao extremo pode prejudicar o convívio social.


— A liberdade de expressão tem essa característica de fazer com que você tenha uma tolerância maior, mas nós chegamos a um ponto em que surgiu uma incapacidade das pessoas de terem convivência com o diferente.

Poucos dias após os tumultos em Charlottesville, um jovem de 17 anos vandalizou o Memorial do Holocausto em Boston. Segundo a polícia, o autor do ataque arremessou uma pedra em uma vidraça entalhada com os números que os judeus e outros presos nos campos de concentração nazistas tinham tatuados nos braços. Esse ato também pode ser visto como um reflexo desse cenário e alerta para a influência que essas próprias manifestações podem causar umas nas outras, explica Lajst.


— Isso incentiva. Toda vez que você tem um lobo solitário terrorista, você tem um lobo solitário racista. Esse lobo solitário que joga uma pedra em uma sinagoga ou no Memorial do Holocausto pode incentivar as pessoas a jogarem pedras em outros lugares, em uma mesquita, um centro budista ou em qualquer coisa diferente do que eles acham. Isso gera antissemitismo. Nenhuma pessoa nasce odiando ninguém, você aprende a odiar através da sua história de vida, da educação que você recebe no seu meio e na sua casa. E isso é o ódio.

Em casos de danos materiais, como o do Memorial do Holocausto, Cukier afirma que o combate deve ser feito com determinação máxima, força e utilizando tudo o que a lei permite.


— Nós temos que usar todas as ferramentas possíveis para isso. O radicalismo hoje é uma coisa que não cabe mais no século 21 e quando um dos maiores países do mundo chega nesse ponto a gente precisa ligar o sinal amarelo. Isso é inadmissível.

Com o objetivo de disseminar a ideias de paz, a entidade judaica feminina Na´amat Pioneiras São Paulo realiza no dia 27 de agosto um encontro entre mulheres para fazer um debate sobre diferentes religiões e crenças.

A mesa redonda realizada no Hotel Meliá Jardim Europa, em São Paulo, a partir das 17h.

*Caíque Alencar, do R7

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