Maduro adverte Kast para evitar ‘mexer’ com os venezuelanos no Chile

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu nesta segunda-feira (15) o mandatário eleito do Chile, José Antonio Kast, para evitar mexer com os migrantes venezuelanos no país, em meio às acusações que, assegura, está fazendo contra seus compatriotas.

“Você poderá ser pinochetista convicto e confesso, mas cuidado se tocar num fio de cabelo de um venezuelano, os venezuelanos se respeitam. Cuidado! Escute-me bem, ouviu, que quem mexe com a Venezuela definha e o senhor pode definhar rapidamente, senhor Kast”, disse o governante em seu programa de televisão ‘Con Maduro+’, transmitido pelo canal estatal VTV (Venezolana de Televisión).

“Deixe quieto quem está quieto”, insistiu Maduro ao criticar o discurso do ultradireitista sobre os migrantes, que, disse, têm “direitos e a constituição chilena deve garanti-los”.

Nesse contexto, Maduro convidou seus compatriotas “com muito respeito” a voltar ao país e anunciou um plano especial de apoio para os venezuelanos no Chile que queiram regressar através do programa governamental Vuelta a la Patria, que será coordenado pela vice-presidente, Delcy Rodríguez, e pela presidente desse plano, Camilla Fabri.

“Se eu pudesse enviar 100 aviões para trazê-los com passagens grátis a todos, faria amanhã, como estamos trazendo todos os migrantes dos Estados Unidos, libertando-os e resgatando-os da prisão (...) todo o que quiser regressar terá nosso apoio decidido”, acrescentou.

Antes de partir para a Argentina, onde se reunirá com Javier Milei, o presidente eleito do Chile, consultado pela imprensa sobre as declarações de Maduro, disse “não me importam”.

“Eu quero que termine a ditadura na Venezuela. Não pode ser que mais de 8 milhões tenham sido obrigados a sair do país, por fome, por perigo, e isso tem que terminar”, disse Kast.

Previamente, Maduro assegurou que o “nazifascismo” pretende “impor-se outra vez” no Chile.

Além disso, Diosdado Cabello, considerado número 2 do chavismo, disse que o triunfo de Kast no Chile se deu pela “fraqueza” com que governa Gabriel Boric.

Ultraliberal na economia, Kast se tornará em março o primeiro pinochetista a chegar ao poder após o fim da ditadura há 35 anos depois de vencer nas 16 regiões do país e fechar a segunda vitória em segundo turno mais ampla desde o retorno à democracia (a primeira foi a de Michelle Bachelet contra Evelyn Matthei em 2013).

Um dos eixos centrais de Kast é o tema migratório. Centrou seu discurso na expulsão de imigrantes em situação irregular, embora durante a campanha tenha ido moderando o tom e chegado a propor que buscava “convidá-los a sair” do país.

Em seu plano denominado ‘Escudo Fronteiriço’, com claras semelhanças à política de Trump, realizada pelo ICE (Serviço de Controle de Imigração e Alfândegas, na sigla em inglês), defende a instalação de muros de mais de 5 metros de altura, valas, drones com reconhecimento facial e radares térmicos.

Ele também defende o uso da força do Estado nos casos necessários na fronteira. Da mesma forma, comprometeu-se a sancionar os empregadores que contratem imigrantes irregulares e proibirá alugar moradias a este tipo de imigrante.

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