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Mais de 300 mil africanos podem morrer por covid-19, alerta ONU

Casos de infecção pelo novo coronavírus já foram registrados em 52 dos 54 países do continente africano até esta quinta-feira (16)

Internacional|Da EFE

Homem tem a temperatura medida nas ruas de Pietermaritzburg, na África do Sul
Homem tem a temperatura medida nas ruas de Pietermaritzburg, na África do Sul

A Uneca (Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, na sigla em inglês) advertiu nesta quinta-feira (16) que mais de 300 mil africanos podem morrer devido à pandemia de covid-19. Até o momento, casos de infecção pelo novo coronavírus já foram registrados em 52 dos 54 países do continente.

A África é especialmente vulnerável "porque 56% da população urbana se concentra em bairros da periferia ou habitações informais, e apenas 34% das residências africanas têm acesso a instalações básicas para lavar as mãos", informou a Uneca em comunicado.

Essas estimativas estão no relatório "Covid-19: Proteger vidas e economias africanas", cujas conclusões foram antecipadas antes da publicação virtual, na sexta-feira.

Extrema pobreza

Paralelamente à crise de saúde, a pandemia continua a impactar as economias da África, "cujo crescimento deve diminuir de 3,2% a 1,8% no melhor dos casos, empurrando cerca de 27 milhões de pessoas à extrema pobreza".


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"Para proteger e construir a prosperidade comum do continente, são necessários US$ 100 bilhões para proporcionar urgente e imediatamente margem fiscal a todos os países e ajudar a abordar as imediatas necessidades das populações", afirmou a secretária executiva da Uneca, Vera Songwe.

De acordo com a economista camaronesa, os custos econômicos da pandemia foram mais graves do que o impacto direto da Covid-19.


"No continente, todos os países estão sofrendo o choque súbito das economias. A distância física necessária para gerir a pandemia está sufocando e afogando a atividade econômica", comentou.

Atenção especial às mulheres

Para atenuar a crise, a Comissão propõe, entre outras medidas, "esforços concertados para manter o fluxo do comércio, especialmente no fornecimento de medicamentos essenciais e de alimentos básicos".


Songwe recomendou que as políticas implementadas para responder ao impacto do coronavírus levem em conta as mulheres, que "estão à frente e atrás desta crise, são as nossas enfermeiras e gerem muitas pequenas empresas".

15 milhões de testes são necessários

O Africa CDC (Centro Africano de Controle de Doenças) informou, nesta quinta-feira, que serão necessários 15 milhões de testes de detecção nos próximos meses para conter a pandemia de covid-19 no continente e que disponibilizará um milhão na próxima semana.

Continente já tem mais de 17 mil casos confirmados
Continente já tem mais de 17 mil casos confirmados

"Sabemos que algo precisa ser feito para promover os testes. O Africa CDC, apesar dos nossos recursos limitados, fornecerá um milhão de testes para impulsionar vigorosamente o programa e fazer com que outros nos apoiem nisto", disse o chefe da agência da União Africana (UA), o camaronês John Nkengasong, em entrevista coletiva virtual.

Até o momento, a África do Sul, o país com mais casos de covid-19 no continente (2.506 casos e 34 mortes), tem a política de testes mais agressiva, com mais de 80 mil testes realizados, enquanto os dois países mais populosos, Nigéria e Etiópia, não realizaram mais de 5.000 testes.

O continente totaliza mais de 17 mil casos confirmados e 900 mortes, sendo África do Sul, Egito (2.505), Argélia (2.160), Marrocos (2.024) e Camarões (848) os países mais impactados.

Além da contribuição do CDC Africa, que começará a ser distribuída na próxima semana, a fundação do bilionário chinês Jack Ma doou também, a cada um dos 54 países, 20 mil, além de máscaras e proteções faciais.

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