Medo de uma segunda onda da pandemia aumenta na Europa
Governos europeus começam a estudar novas medidas de restrição de viagens, em meio a um crescimento generalizado de novos casos de covid-19
Internacional|Da EFE
O temor por uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus está crescendo na Europa, diante do constante aumento de casos em países como Alemanha. França, Espanha e Reino Unido, que registram nos últimos dias um aumento de pelo menos mil novos casos a cada 24 horas.
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A situação vem se deteriorando até mesmo na Croácia, que registrou um recorde de 180 novas infecções em um dia, um número que é quase o dobro do pico de 95 casos relatados no auge da pandemia, no início de abril.
Na Finlândia, a taxa de infecções triplicou em um mês, superando os 150 casos semanais. Pela primeira vez, o governo do país nórdico se viu forçado a aconselhar o uso das máscaras em locais públicos e pedir que as pessoas trabalhem de suas casas.
Piores números desde maio
Países como a Alemanha e a Espanha voltaram a registrar números que não viam desde o mês de maio.
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Berlim registrou, entre quarta e quinta-feira, 1,445 novos contágios, o que manteve a Alemanha acima dos mil casos diários, uma barreira que o país ultrapassou pela primeira vez na semana passada, após meses com registros abaixo dela. No total, os casos acumulados no país passam dos 222 mil, com 9.2 mil mortes.
Na França, também houve um crescimento nos casos diários, 2.669 na quinta, depois de 2.524 na quarta, quase o dobro dos 1.397 de terça-feira. O país acumula 30 mil mortes por covid-19 desde o início da pandemia, com 18 novos óbitos nas últimas 24 horas.
O governo espanhol, por sua vez, notificou na quinta-feira quase 3 mil novas infecções, e incluiu no balanço resultados positivos da região de Madri, que não apareciam nas estatísticas de quarta.
Reino Unido muda metodologia
O Reino Unido registrou, na quinta, 18 mortos por covid-19, após uma mudança na metodologia para contar os falecimentos que retirou 5.377 óbitos dos registros oficiais da doença.
A partir de agora, as autoridades britânicas só vão contabilizar como mortes por coronavírus aquelas que tenham acontecido em um prazo de até 28 dias depois que o paciente tiver um exame positivo, um critério que já era utilizado na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, mas não na Inglaterra.
Com essa modificação, o total acumulado de mortes no Reino Unido desde o início da pandemia caiu de 46,7 mil para 41,3 mil nesta quinta. O governo não divulgou na quinta dados oficiais sobre o número de contaminados no país, mas depois de dois aumentos consecutivos de mais de mil casos, o total chegou a 313 mil.
Aumento generalizado
O aumento de casos é generalizado no continente após a reabertura das fronteiras. Na Itália, foram contabilizados mais de mil novos casos nos últimos dois dias, além de seis novas mortes na quinta-feira.
Com os novos positivos, no país foram detectadas mais de 252 mil pessoas contagiadas desde que foi decretado o estado de emergência em 21 de fevereiro com os primeiros casos locais na região da Lombardia, no norte.
Por sua vez, Portugal informou seis novas mortes e 325 novos casos, dos quais 204 aconteceram na região da capital, Lisboa. O país acumula 1,7 mil mortes e 53 mil contágios pelo coronavírus.
Novas restrições de viagem
Diante dessa nova expansão do coronavírus, diversos governos do continente estão adotando novas medidas para evitar a importação de mais casos de covid-19.
A Bélgica anunciou que, até o início de setembro, rá implantar no aeroporto de Bruxelas um laboratório móvel que permitirá fazer testes PCR nos passageiros que cheguem vindos de zonas consideradas de risco e também nos que estejam prestes a deixar o país.
As autoridades belgas ainda consideram regiões da Espanha, da França e do Reino Unido, entre outras localidades, como "zonas vermelhas", para as quais ainda não é permitido viajar, e exigem um teste de cada viajante que tenha passado por elas.
Nesta semana, a Itália e a Grécia se somaram aos países que impõem medidas de controle sanitário aos passageiros que chegam provenientes da Espanha. Como isso, já são 18 os países da União Europeia que adotaram esses procedimentos para quem passa por terras espanholas.
A Dinamarca ampliou uma lista local de países para os quais as viagens estão desaconselhadas, incluindo a Bélgica e Malta a um grupo que já incluía Andorra, Espanha, Romênia, Luxemburgo e Bulgária.
O governo do Reino Unido avisou durante a semana que está analisando de perto os dados epidemiológicos de outros países europeus e que pode impôr novas restrições de viagens a qualquer momento.
Expectativa por uma vacina
A Comissão Europeia (CE) anunciou na quinta-feira que concluiu conversas com a farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson para adquirir pelo menos 200 milhões de doses de uma potencial futura vacina contra o coronavírus, além de deixar em aberto a possibilidade de comprar 200 milhões doses adicionais.
Depois que a Rússia anunciou nesta semana o registro da primeira vacina, que levantou dúvidas e críticas na comunidade internacional, a Organização Mundial de Saúde (OMS), alertou conra o surgimento de um "nacionalismo de vacinas" na corrida para chegar a um remédio contra o vírus.