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Mensagens internas indicam que Boeing escondeu falhas do 737-MAX

Conversas entre dois funcionários mostram que empresa sabia de problemas no sistema de navegação, que levaram a acidentes com centenas de vítimas

Internacional|Do R7, com Reuters

Acidente com 737-MAX da Ethiopian Airlines matou 159 em março de 2019
Acidente com 737-MAX da Ethiopian Airlines matou 159 em março de 2019

Mensagens de texto trocadas entre dois funcionários da Boeing indicam que a empresa ocultou dos órgãos reguladores dos Estados Unidos as falhas nos testes com o sistema de navegação do modelo 737-MAX.

Os problemas técnicos com duas destas aeronaves provocaram dois acidentes fatais: um com avião da Lion Air, na Indonésia, e outro da companhia Ethiopian Airlines, na Etiópia. Ao todo, 346 pessoas morreram.

A troca de mensagens entre o então piloto-chefe técnico do MAX, Mark Forkner, e outro piloto da Boeing, ocorreram em novembro de 2016, durante o processo de certificação do novo modelo pela Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês).

Elas foram entregues pela Boeing na quinta-feira (17) a congressistas que estão à frente de uma comissão que investiga a responsabilidade da Boeing nos acidentes. Segundo fontes, elas já estariam a disposição do Departamento de Justiça, responsável por processo criminal contra a Boeing.


Piloto de testes disse que sistema estava 'desenfreado'

A FAA confirmou, na sexta-feira, ter tido conhecimento das mensagens internas e que as considera "preocupantes".


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Segundo fontes familiarizadas com o conteúdo das investigações disseram à agência Reuters, a mensagens levantaram questões sobre o desempenho do MCAS — um sistema de segurança que deveria corrigir a inclinação do avião em caso de perda de altitude — no simulador. Forkner teria dito que ele estava "desenfreado".

De acordo com o jornal The New York Times, as mensagens foram trocadas entre os dois pilotos em novembro de 2016.


Oito meses antes, Forkner teria pedido à FAA se seria ok não mencionar o sistema MCAS no manual para os pilotos. A agência, à época, acreditava que o sistema somente seria ativado em casos muito raros e não era particularmente perigoso.

Logo após o acidente com aeronave da Lion Air na Indonésia, associações de pilotos mostraram que a ausência de treinamento dos pilotos para lidar com o MCAS estaria diretamente relacionada com o acidente.

Nas mensagens vazadas agora, Forkner diz em dado momento para o colega: "Eu menti para os reguladores (sem saber)." O outro funcionário respondeu que "não era mentira, ninguém nos disse que era esse o caso" de um problema no MCAS.

Forkner respondeu logo depois: "Concedido que sou péssimo em voar, mas mesmo isso foi flagrante".

Próximos passos da investigação

A FAA planejava entregar mais comunicações de Forkner ao Congresso ainda na sexta-feira, disseram fontes.

Desde o acidente na Etiópia, vários países suspenderam o uso do 737-MAX, inclusive os EUA.

A FAA reiterou que está “seguindo um processo completo, não um cronograma prescrito, para devolver o Boeing 737 MAX ao serviço de passageiros. A agência levantará a ordem de aterramento somente depois de determinarmos que a aeronave é segura”.

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