Metade das crianças sírias cresceu em meio à guerra no país
Dados são da Unicef, que alerta para a necessidade de dar assistência, para minimizar traumas e suprir necessidades urgentes e para o futuro
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7
A Guerra da Síria está entrando em seu oitavo ano e, neste período, cerca de 4 milhões de pessoas nasceram no país. Isso significa que metade do atual número de crianças sírias cresceu em meio ao terror e à devastação. As informações são do site da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Tal ambiente, cercado de violência e permanente tensão, é altamente prejudicial à formação de qualquer criança. E faz elas necessitarem de uma atenção ainda maior do que a média. A guerra na Síria, iniciada em março de 2011, já deixou mais de 510 mil mortos.
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Um dos entrevistados pela entidade, um adolescente de 15 anos, tem percebido que a visão de mundo destas crianças tende a ser baseada na violência e hostilidade.
Segundo suas observações para a Unicef, crianças e jovens veem a violência com normalidade por ser esta a única realidade conhecida por eles.
"Desde o início do conflito, crianças e jovens se tornaram cada vez mais violentos...O bullying, o assédio, os espancamentos e o casamento precoce aumentaram.”
Neste sentido, a entidade alerta para a necessidade de uma ampla assistência a estas crianças, no sentido de minimizar traumas e suprir necessidades urgentes e para o futuro.
Serviços sobrecarregados
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Na opinião de Henrietta Fore, diretora executiva do Unicef, “cada criança de (até) oito anos na Síria tem crescido num cenário de perigo, destruição e morte. (Elas) precisam poder voltar à escola, receber vacinas e de se sentirem seguras e protegidas.”
Ela passou cinco dias no país e visitou áreas que apenas recentemente passaram a ser acessíveis, tendo ficado muito tempo bloqueadas em função dos combates.
Os serviços estão sobrecarregados, quando existem. Um exemplo ocorre em Deraa, onde moravam quase 1 milhão de pessoas. Pelo menos metade dos 100 centros de saúde primários da província foram danificados ou destruídos.
Em Douma, por exemplo, as famílias retornaram para casas destruídas e ainda se depararam com o risco iminente de detonação de explosivos. Pelo menos 26 crianças morreram vítimas destas explosões.
A cidade, em abril de 2018, teria sido alvo de um ataque químico que matou 70 pessoas, expostas ao gás cloro e ao gás sarin.
Tantas são as ruínas que uma ONG, parceira da Unicef, teve de improvisar uma clínica no salão de uma mesquita danificada.
Fore descreve as dificuldades em recomeçar a vida em meio ao caos.
“As famílias vivem no meio de escombros, lutando por água, comida e aquecimento durante o inverno. Há 20 escolas, todas estão superlotadas e necessitam de formação para jovens professores, livros, materiais escolares, portas, janelas e eletricidade.”
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