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México vai às urnas após campanha eleitoral mais sangrenta da história

Em meio a violência crescente, líder de esquerda pode se tornar presidente. Pelo menos 122 candidatos e pré-candidatos foram assassinados

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

López Obrador (esq.), Meade (centro) e Ricardo Anaya disputam presidência
López Obrador (esq.), Meade (centro) e Ricardo Anaya disputam presidência

O México vai às urnas neste domingo (1º) para eleger presidente, senadores e deputados federais após a campanha eleitoral mais sangrenta de sua história. O INE (Instituto Nacional Eleitoral) confirmou que, até o início da última semana, 122 candidatos e pré-candidatos foram assassinados. Analistas, defensores de direitos civis e autoridades apontam os grupos organizados, chamados de cartéis, como responsáveis pelas mortes.

Intenções de voto

O grande favorito à presidência é o candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador, que concorre pelo Morena (Movimento de Regeneração Nacional) e se comprometeu a acabar com a corrupção e pacificar o país assolado pela violência. López Obrador, que tem 64 anos, é ex-prefeito da Cidade do México e está em sua terceira candidatura ao cargo, reúne 51% das intenções de voto segundo as últimas pesquisas — uma vantagem de 24 pontos sobre seu adversário mais próximo, o conservador Ricardo Anaya.

“López Obrador tenta a presidência desde 2006, mas, desta vez, chega com um aspecto de alianças muito maior. Ele aprendeu o jogo das campanhas e vem com a coalizão ‘Juntos Faremos História’, que é mais ampla”, avalia Adrian Lavalle, especialista em América Latina e professor doutor no departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo). Além do Morena, a coalizão conta com o esquerdista Partido do Trabalho e o conservador Partido Encontro Social.


Em segundo lugar nas pesquisas, Ricardo Anaya concorre por uma coalizão formada pela legenda de direita PAN (Partido Ação Nacional) e pela sigla de esquerda PRD (Partido da Revolução Democrática), que tem cerca de 27% das intenções de voto.

Enquanto isso, o candidato de uma aliança liderada pelo governista PRI (Partido Revolucionário Institucional), José Antonio Meade, ex-ministro da Fazenda, ocupa o terceiro lugar com 19% de apoio.


Campanha sangrenta

A consultoria independente do México Etellekt confirma que, entre setembro de 2017 — quando começaram as campanhas — e junho de 2018, ao menos 104 candidatos homens foram assassinados e 18 mulheres. No mesmo período, foram mortos 351 funcionários públicos.


"A maior parte dos assassinatos neste ano ocorreu com pré-candidatos em nível municipal — o que nos diz que o narcotráfico executa quem se opõe aos seus interesses já no momento em que se organizam as campanhas. Isso nos leva à projeção preocupante de que, em breve, boa parte dos municípios no México estarão controlados, de alguma forma, pelo narcotráfico e crime organizado”, disse Lavalle em entrevista R7.

O México tem 31 estados e mais o Distrito Federal. De acordo com a Etellekt, as regiões mais violentas são Guerrero, com 27 mortes, e Oaxaca, com 19. O maior número de agressões ou ameaças contra políticos na campanha eleitoral de 2017 a 2018 foi registrado nos estados de Guerrero, com 53 e no estado do México, com 40. Eles se situam no sul do país e são dominados pelo chamado Cartel de Jalisco Nova Geração — organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de drogas e armas, terrorismo, assassinatos, sequestros e extorsões.

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