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Milhares de ucranianos chegam a pé à Hungria para escapar da guerra

Enquanto o Exército russo bombardeia cidades ucranianas, milhares de pessoas decidem buscar segurança nos países vizinhos

Internacional|Do R7

A maioria dos que chegam à Hungria por Beregsurány o faz a pé
A maioria dos que chegam à Hungria por Beregsurány o faz a pé

Milhares de ucranianos, em sua maioria mulheres, chegaram neste sábado (26) à Hungria a pé, arrastando malas e empurrando carrinhos de bebê, depois de cruzar uma passagem fronteiriça na qual esteve hoje o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, para advertir que a situação humanitária vai piorar se a guerra continuar.

Enquanto o Exército russo bombardeia cidades ucranianas, incluindo a capital, Kiev, milhares de pessoas decidem buscar segurança nos países vizinhos.

A maioria dos que chegam à Hungria por Beregsurány o faz a pé, com poucos pertences, pois entrar de carro pode levar horas ou até dias de espera. Alguns dos que fugiram chegaram a abandonar o veículo do outro lado da fronteira.

Klimentin, um ucraniano de 25 anos, acaba de chegar da cidade de Vinnytsia, após dois dias de viagem. A Hungria foi para ele a melhor forma de sair da Ucrânia, mas Klimentin ainda pretende chegar à Polônia, onde trabalham alguns amigos.


O jovem, que é de Kharkiv, no leste da Ucrânia, e tem família na Rússia, conseguiu sair devido a uma deficiência que o impede de ir para o front. A Ucrânia ordenou a mobilização de todos os homens adultos para lutar contra a invasão russa.

"Eu não entendo o que está acontecendo. É uma loucura, e espero que acabe logo. Minha família na Rússia também não entende. Ninguém pode acreditar que a Ucrânia seja uma ameaça para a Rússia. Eu não sou uma ameaça para meus tios russos", lamentou.


Yulia, uma jovem de 20 anos, disse que seus pais mandaram ela e sua irmã para fora do país, para que ficassem a salvo dos bombardeios. Embora haja acomodação gratuita para os refugiados, ela diz que ambas ficarão em um hotel por alguns dias, e que espera se reunir com seus pais na Ucrânia em uma semana.

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Grupos de voluntários húngaros oferecem aos recém-chegados bebidas quentes, comida, cobertores e carinho. Muitos dos que chegam fazem parte da minoria magiar que vive na Ucrânia e tem família na Hungria.


Menores retidos

"Do outro lado da fronteira há muitas crianças esperando para entrar na Hungria", explicou à Agência Efe Szilvia Gál, tabeliã da cidade de Beregsurány, que coordena a ação humanitária para os refugiados. Ela estima que milhares de pessoas tenham chegado apenas neste sábado.

Segundo Gál, as autoridades alfandegárias ucranianas não permitem que menores saiam do país se não tiverem toda a documentação em ordem, e muitos dos pais não puderam solicitar as solicitações devido ao início abrupto da guerra.

Isso fez com que muitas crianças ficassem retidas do outro lado da fronteira, sem poder deixar o país.

Em outras ocasiões, as famílias são separadas na fronteira, já que a Ucrânia não permite que homens entre 18 e 60 anos saiam.

Viktoria, uma jovem de 19 anos, acaba de se separar do pai, e, ainda angustiada, esperava a mãe chegar de Budapeste para buscá-la.

O porta-voz da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) na Hungria, Ernö Simon, explicou à Agência Efe que os ucranianos podem permanecer no país sem visto por 90 dias, então "é impossível" determinar quantas pessoas chegaram.

Suspensão da vodca russa

Muitos municípios, incluindo Budapeste, universidades e associações, oferecem alojamento gratuito a refugiados ucranianos.

A agressão da Rússia à Ucrânia provocou uma onda de solidariedade na Hungria – que, em 1956, sofreu uma invasão soviética que visava esmagar uma revolta popular –, e alguns bares pararam de servir vodca, como forma de protesto.

O primeiro-ministro húngaro, o ultranacionalista Viktor Orbán, chegou a Beregsurány neste sábado, negando que seu governo – que tem boas relações com Moscou – tenha impedido a desconexão da Rússia do sistema de pagamentos transfronteiriços Swift.

"A Hungria deixou claro que apoia todas as sanções, então não vamos bloquear nada, então o que quer que os primeiros-ministros da União Europeia possam concordar, nós aceitamos e apoiamos", garantiu.

"A parte difícil vem agora"

O chefe de governo húngaro também disse que, com o prolongamento do conflito, a situação humanitária poderá piorar à medida que refugiados forem chegando de áreas da Ucrânia onde ainda não há combates.

"Não devemos ser muito otimistas, a parte difícil vem agora. Há uma guerra do outro lado da fronteira, e as frentes estão longe no momento", comentou, acrescentando que os combates ainda não chegaram à Transcarpátia, região ucraniana perto da Hungria.

"Se a guerra continuar, certamente haverá atividades de guerra lá", completou.

"Na próxima semana, precisaremos de mais serenidade", enfatizou Orbán, acrescentando que a Hungria deve estar preparada para enfrentar as consequências de um possível prolongamento da guerra.

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