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Ministro da Defesa de Israel discorda de cessar-fogo e renuncia

Suspensão das hostilidades na Faixa de Gaza é parte de um processo de distensão iniciado por Benjamin Netanyahu de olho nas eleições de 2019

Internacional|Eugênio Goussinsky e Cristina Charão, do R7

Lieberman renunciou após cessar-fogo entre Israel e Palestina
Lieberman renunciou após cessar-fogo entre Israel e Palestina

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, renunciou ao cargo em protesto contra o cessar-fogo decretado ontem após acordo entre o governo israelense e os líderes do Hamas, principal grupo que controla politicamente o território da Palestina.

Lieberman justificou a decisão dizendo que ele não poderia "olhar nos olhos dos cidadãos do Sul de Israel", região que faz fronteira com o território palestino na Faixa de Gaza e que registrou uma escalada de violência entre domingo e segunda-feira, com agressões de lado a lado.

A renúncia gerou uma crise no governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que vem mudando algumas posturas em relação ao conflito, buscando evitar incursões mais longas e, com isso, minimizar as baixas entre as tropas israelenses.

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Comentaristas políticos em Israel afirmam que o primeiro-ministro está preocupado em não perder popularidade em função das próximas eleições, em 2019.


O próprio Netanyahu afirmou na semana passada em Paris, antes de o conflito em Gaza ter se intensificado, que não era do interesse de Israel reiniciar uma guerra na região.

Protestos contra e a favor do cessar-fogo


Na região sul de Israel, moradores protestaram contra o cessar-fogo na noite de terça-feira. Eles carregavam faixas dizendo "Estamos cansados de nos calar".

“As pessoas aqui são consideradas cartas fora do baralho”, diz Haroldo Wertman, morador de Ashkelon. Apesar de estar cansado de guerra, Wertman acredita que o cessar-fogo agora é deixar os moradores do sul em risco.


Ao mesmo tempo, nas regiões de Tel-Aviv, Haifa e Jerusalém, grupos a favor da paz também protestaram. O movimento Standing Together (Seguindo Juntos, em tradução livre) divulgou nota dizendo que apenas a suspensão do cerco e o fim da ocupação de territórios palestinos pode trazer "segurança e noites tranquilas" para os moradores do sul de Israel.

"Vamos parar de espalhar o ódio e semear o medo, vamos acabar com esta dor", diz a nota.

Escalada de violência em Gaza

A escalada de violência na Faixa de Gaza, que terminou com um novo cessar-fogo anunciado na terça-feira, começou com uma incursão israelense em território palestino para capturar supostos líderes terroristas no domingo.

A resposta palestina veio no dia seguinte, com um ataque a um ônibus do Exército israelense com um míssil anti-tanques que deixou um morto e um ferido. Mais de 450 morteiros também foram lançados em direção ao território israelense, a maioria destruídos pelo sistema de defesa anti-aérea. Ainda assim, um homem de origem palestina morreu.

Ao mesmo tempo, a Força Aérea israelense fez ataques de grandes proporções em Gaza, atingindo 160 alvos supostamente militares. Um dos prédios destruídos foi o da Hamas TV.

Pelo menos sete palestinos morreram nestes ataques. Outros 4 haviam sido vítimas da incursão de domingo.

* O repórter Eugênio Goussinsky está em Israel a convite do Ministério das Relações Exteriores.

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