Minoria hazara denuncia ordens de despejo pelos talibãs
Membro de grupo étnico destacou que grupo extremista ordenou que mais de 800 famílias deixassem suas casas em Cabul
Internacional|Do R7
Os moradores de uma comunidade agrícola dominada pela minoria hazara no centro do Afeganistão disseram nesta sexta-feira (24) que receberam ordens do Talibã para que abandonassem suas terras, a fim de que os pashtuns assumam suas plantações e lojas.
Mohammad Mohaqeq, um líder político hazara no exílio desde que o movimento fundamentalista islâmico assumiu o poder em agosto, denunciou a situação em uma mensagem postada em uma rede social.
O membro desse grupo étnico destacou que o Talibã ordenou que mais de 800 famílias deixassem suas casas em um distrito remoto entre as províncias de Daykundi e Uruzgan, a sudoeste de Cabul.
Procurados pela AFP, os moradores da região confirmaram a informação e imploraram às autoridades competentes que os ajudem.
Os hazara são uma minoria étnica predominantemente xiita que durante séculos foi perseguida pela maioria sunita no Afeganistão.
Nas últimas duas décadas, eles foram alvos de ataques dos combatentes do Talibã e do Estado Islâmico (EI), que os consideram hereges.
Um ancião local disse à AFP que os combatentes do Talibã chegaram em caminhonetes no distrito de Gizab e ordenaram que as pessoas saíssem, dizendo que moravam ali ilegalmente.
Desde então, os residentes procuram desesperadamente alguém que os ajude. "As telecomunicações não funcionam na cidade", acrescentou.
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Mohaqeq compartilhou uma carta assinada por Aminullah Zubair, o novo governador provincial de Daykundi, na qual este afirma que as terras pertencem a um homem chamado Haji Zaher e que aqueles que discordassem deveriam ir ao tribunal.
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Mohaqeq também indicou que a ordem de despejo dos talibãs havia sido tomada sem um julgamento prévio.
Os moradores locais dizem que a raiz do problema é uma tentativa dos talibãs de privá-los de suas casas e plantações.
Um agricultor, que pediu para não ser identificado, contou à AFP que eles se estabeleceram naquelas terras há 40 anos e que as transformaram em fazendas produtivas, cultivando trigo e amêndoas.
Os talibãs e aqueles que reclamam as terras chegaram no início da semana na região e os forçaram a matar uma vaca em sua homenagem antes de ordenar que partissem, explicou.