Morre o senador republicano John McCain, vítima de tumor no cérebro
Político era crítico de Donald Trump mesmo pertencendo ao Partido Republicano. Em 2008, McCain perdeu a eleição para Barack Obama
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Morreu neste sábado (25) o senador norte-americano John McCain, aos 81 anos. Ele lutava contra um câncer no cérebro desde o ano passado e havia interrompido o tratamento na última sexta-feira.
McCain era considerado um dos principais representantes do Partido Republicano e um dos maiores críticos de Donald Trump dentro da legenda. A pedido dele, o presidente dos EUA não será convidado para o enterro.
O senador morreu em sua casa em Sedona, no estado norte-americano do Arizona, cercado de familiares. Ele faria 82 anos na próxima quarta-feira (29).
Herói de guerra
McCain se tornou conhecido nacionalmente nos EUA durante a década de 1960. Em 67, o jato Skyhawk que ele pilotava foi derrubado durante a Guerra do Vietnã, nas proximidades de Hanói. Ele conseguiu se ejetar, mas ao cair de para-quedas, quebrou os dois braços e uma perna.
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Capturado pelos vietcongues, ele passou 5 anos e meio como prisioneiro de guerra. Foi torturado diversas vezes e por causa disso ficou com diversos movimentos prejudicados, especialmente nos braços.
Filho de um almirante da Marinha dos EUA, ele teria preferência para ser libertado em primeiro lugar durante trocas de prisioneiros, mas recusou o privilégio e obteve a liberdade apenas em 1973.
Trajetória na política
Ao voltar para seu país, McCain passou a se dedicar à política. Em um discurso, quando foi declarado candidato republicano à eleição presidencial de 2008, ele disse "me apaixonei pelo meu país quando estava prisioneiro em outro", lembrando os anos de cativeiro.
Dos anos 70 até 1983, ele foi assessor de parlamentares republicanos na Câmara dos EUA. Em 1986, foi eleito pela primeira vez senador por seu estado natal, o Arizona. Cumpriu seis mandatos na função.
Nos anos 1990, ele e o democrata John Kerry, também veterano da guerra, se uniram em um esforço para derrubar um embargo comercial e reestabelecer ligações diplomáticas com o Vietnã.
Corrida presidencial
Em 2000, ele tentou concorrer à presidência, mas perdeu as primárias para George W. Bush, que acabou eleito.
Foi um dos principais apoiadores de Bush quando ele lançou ofensivas no Iraque após os ataques de 11 de setembro de 2001. Depois, no entanto, admitiu que estava errado por achar que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.
McCain venceu as primárias do Partido Republicano em 2008 e escolheu a então governadora do Alasca, Sarah Palin, para ser sua vice. A chapa foi derrotada pelo democrata Barack Obama.
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Após a vitória de Trump em 2016, ele se tornou um dos principais críticos do novo presidente. Foi um dos únicos republicanos a votar contra o fim do Obamacare, o programa de saúde pública de Barack Obama.
No início do ano, já afastado do Senado para se tratar do câncer, ele pediu aos colegas que não aprovassem a indicada de Trump à diretoria da CIA, Gina Haspel, pelo envolvimento dela em um programa de interrogatórios que utilizava tortura contra prisioneiros.