Morte de Navalny é sinal 'terrível' de como a Rússia mudou, afirma chanceler alemão
A ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA cobrou esclarecimentos sobre as circunstâncias do falecimento
Internacional|Do R7, com Reuters
Autoridades estrangeiras lamentaram a morte do líder da oposição política na Rússia, Alexei Navalny, em uma prisão no Ártico, nesta sexta-feira (16).
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que estava “muito triste” com os relatos sobre a morte Navalny, enfatizando que era um sinal “terrível” de como a Rússia, como país, mudou nos últimos anos.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, acusou o presidente russo de ordenar a morte do opositor.
"Obviamente, ele foi morto por Putin, como milhares de outros que foram atormentados, torturados por causa desta única pessoa."
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também manifestou indignação.
"Putin não teme nada mais do que a dissidência do seu próprio povo. Um lembrete sombrio do que são Putin e o seu regime", escreveu no X.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que a notícia sobre a morte do líder da oposição russa na prisão, se verdadeira, ressalta o que ele descreveu como "fraqueza e podridão" do sistema construído pelo presidente Vladimir Putin.
"Antes de mais nada, se essas informações forem verdadeiras, nossos corações estão com sua esposa e sua família. [...] Além disso, sua morte em uma prisão russa, e a fixação e o medo de um homem apenas ressaltam a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu. A Rússia é responsável por isso."
A ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, comentou denúncias de maus tratos supostamente sofridos por ele na prisão.
"Seria uma coisa horrível. Fome, falta de cuidados nas condições de prisão, foi por isso que ele morreu ou você acha que foi um ato afirmativo? Acho que temos que descobrir mais, mas de qualquer forma é uma tragédia horrível se for assim. Sua prisão é uma tragédia horrível. Ponto final", disse ela ao chegar para a Conferência de Segurança de Munique.
A ministra polonesa do Desenvolvimento de Fundos e Política Regional e ex-embaixadora na Rússia, Katarzyna Pelczyńska-Nalecz, classificou o episódio como uma "vingança pessoal de Putin".
"Estas são notícias extremamente tristes, extremamente tristes para todos nós que sabíamos quanto sofrimento Alexei Navalny passou por causa de sua própria decisão. Ele poderia ter ficado no Ocidente, vivido em segurança, com sua família, próspero, e ainda assim, com pleno entendimento de onde estava retornando, decidiu voltar para a Rússia, dizendo que era sua pátria, ele queria lutar por mudanças naquela pátria, por mudanças democráticas", disse, em referência ao fato de o opositor ter retornado ao país de origem em 2021.
Segundo Katarzyna, Navalny passou por um "pesadelo absoluto" nos últimos anos.
"Ele manteve uma incrível força durante todo esse tempo, como sabemos por seus advogados [...], mas a vingança do ditador o alcançou. Esta é a vingança pessoal de Putin, Putin se vingou de alguém que ousou criticá-lo, que, na opinião de Putin, ousou insultá-lo e simplesmente assassinou Navalny. Isso não é morte, isso é assassinato."
Navalny morreu nesta sexta-feira depois de desmaiar e perder a consciência na colônia penal ao norte do Círculo Polar Ártico, onde cumpria uma longa pena de prisão, informou o serviço penitenciário russo.
O político, de longe o líder da oposição mais famoso da Rússia, ganhou destaque há mais de uma década ao satirizar a classe de elite em torno do presidente Vladimir Putin e ao expressar alegações de corrupção em grande escala. Ele tinha 47 anos.
O Serviço Penitenciário Federal do Distrito Autônomo de Yamalo-Nenets disse em comunicado que Navalny “se sentiu mal” depois de uma caminhada na colônia penal IK-3 em Kharp, cerca de 1.900 km a nordeste de Moscou.