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Mortes de testemunhas rondam escândalo Odebrecht na Colômbia

Um auditor e um ex-secretário nacional envolvidos no caso morreram em circunstâncias não muito claras. O filho de um deles faleceu envenenado

Internacional|Beatriz Sanz e Cristina Charão, do R7

Morte do filho Alejandro colocou 'causa mortis' de Pizano em dúvida
Morte do filho Alejandro colocou 'causa mortis' de Pizano em dúvida

Quando Jorge Enrique Pizano morreu, em 8 de novembro, em seu sítio no interior da Colômbia, ninguém poderia imaginar que aquilo era o primeiro sinal de um terremoto que viria sacudir a política do país. Pizano era uma testemunha-chave nas investigações de corrupção envolvendo a empresa brasileira Odebretch e, oficialmente, morreu de um infarto fulminante.

Menos de dois meses depois de sua morte, o país se vê envolvido em uma nuvem de dúvidas e acusações, que se intensficam com a morte de uma segunda testemunha: Rafael Merchán, ex-secretário Nacional de Transparência.

Merchán foi encontrado morto em seu apartamento no dia 27 de dezembro, em condições ainda não esclarecidas. Em declarações à imprensa local, a família dá a entender que o político teria cometido suicídio em meio a uma crise depressiva. A polícia não divulgou ainda 

Mas estas não são as duas únicas mortes que sacodem as investigações sobre a atuação da Odebrecht na Colômbia. O evento trágico que colocou diversas interrogações sobre os rumos do caso foi a morte do filho de Jorge Enrique Pizano, Alejandro Pizano Ponce de León.


Poucos dias depois, durante o funeral do pai, Alejandro morreu após ingerir o conteúdo de uma garrafa de água que estava aberta no quarto de Pizano. Foi constatado depois que a água tinha traços de cianureto, um veneno muito potente.

Cianureto


O destino de Alejandro colocou muitas dúvidas sobre a morte da testemunha-chave do caso Odebrecht. Pizano era auditor da construção da Rota do Sol, estrada que liga o interior do país à costa colombiana no Caribe, obra de responsabilidade da empreiteira brasileira em parceria com o Grupo Aval. Foi ele quem denunciou os contratos superfaturados à Justiça.

A morte por cianureto poderia ser confundida com um enfarto, mas já não era possível saber se essa também tinha sido a causa da morte de Jorge Pizano, já que seu corpo havia sido cremado.


VEJA TAMBÉM: Tribunal da Colômbia multa Odebrecht por corrupção

Em novembro, médicos legistas acusaram o Instituto Nacional de Medicina Legal (o equivalente ao Instituto Médico Legal, no Brasil) de ter falhado na investigação da causa da morte do ex-auditor.

Teorias começaram a rondar o país, inclusive dizendo que o próprio Jorge havia se suicidado, já que um pote de cianureto foi encontrado no sítio e nele havia traços de DNA de Pizano.

Em 21 de dezembro, o diretor do instituto, Carlos Valdés, pediu demissão. Ele admitiu que foram cometidos erros no caso Pizano, especialmente na coleta e manutenção das provas.

A morte do ex-secretário

Seis dias depois, Rafael Merchán foi encontrado morto no seu apartamento. Ex-secretário nacional de Transparência, ele testemunharia sobre a atuação da Agência Nacional de Infraestrutura na contratação de empreiteiras, incluindo a Odebrecht.

A convocação de Merchán como testemunha de defesa do ex-diretor da agência, Luis Fernando Andrade, tinha sido aprovado no início de dezembro. Segundo fontes próximas ao ex-secretário, ele diria ao tribunal que teria sabido das irregularidades envolvendo a Odebrecht por meio de Andrade.

Ele também afirmaria que teria sabido por Andrade que o então presidente da Odebrecht na Colômbia, Eleuberto Martorelli, seria o principal articulador desta tentativa de montar um cartel para ganhar contratos de construções de rodovias.

Procuradoria-geral sob suspeita

Com as circunstâncias da morte de Merchán não esclarecidas e as dúvidas sobre a morte dos Pizano, as investigações sobre o envolvimento da empreiteira brasileira em casos de corrupção se arrastam na Colômbia.

Os pontos de interrogação ainda se estendem sobre a Procuradoria-Geral colombiana, comandada por Néstor Humberto Martínez, ex-advogado do Grupo Aval, parceiro da Odebrecht.

Dias após a morte de Jorge Pizano, a família divulgou áudios que comprovariam que Martínez sabia dos crimes cometidos pelas empresas.

Ele ainda é responsável pela investigação do suposto esquema.

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